1858. Provavelmente seja este o ano do nascimento da Alta Costura. E da moda. A data marcou o início da produção do costureiro inglês (é isso mesmo, ele não era francês) Charles Frederick Worth, considerado o primeiro estilista do mundo porque, ao invés de executar vestidos sob os modelos que aristocratas e burguesas queriam, era ele mesmo quem criava as roupas em seu próprio ateliê em Paris, na Rue de la Paix.
Elas iam até ele para conhecer seu poder criativo e não o contrário, como costumava acontecer até então. Porém, a Alta Costura ainda não tinha esse nome. Segundo explica o professor de História da Moda João Braga, no final da década de 1850 todas as pessoas que fabricavam roupa em Paris resolveram constituir uma espécie de Associação da Costura. “Com o tempo, a Alta Costura passou a ter vida própria por suas características diferenciadas, sobretudo os conceitos de requinte e unicidade”, conta.
Glamour e glória
Em 1868, percebendo o potencial da moda francesa, criou-se em Paris a famosa Câmara Sindical da Alta Costura, que um século mais tarde passou a fazer parte da Federação Francesa da Costura, do Prêt-à-Porter, dos Costureiros e dos Criadores de Moda. Além da Câmara da Alta Costura, outros dois órgãos compõem a Federação: a Câmara Sindical do Prêt-à-porter, dos Costureiros e dos Criadores de Moda e a Câmara Sindical da Moda Masculina.
No total, são cerca de 100 marcas associadas, todas com notoriedade internacional e grandes exportadoras. A Federação tem como principais funções estabelecer o calendário das coleções, definir para quais meios de comunicação serão enviados os convites para assistir aos desfiles, acompanhar a implantação das marcas associadas no mercado estrangeiro e defender os direitos de propriedade intelectual dessas marcas.
Não é para qualquer um
A denominação Alta Costura (ou Haute Couture, no original) é juridicamente protegida e dela só podem se utilizar as empresas que figuram em uma lista estabelecida a cada ano por uma comissão de ministros, sediada no Ministério da Indústria Francês. “A Alta Costura é uma patente, um patrimônio cultural parisiense, e só podem se intitular assim as Maisons que respeitam uma série de normas, entre elas, possuir sede em uma região específica de Paris”, complementa João Braga, professor de História da Moda.
O rol de Maisons é divulgado pela Federação Francesa da Costura, do Prêt à Porter, dos Costureiros e dos Criadores de moda, a antiga Câmara Sindical da Alta Costura, criada em 1868. Os principais critérios estabelecidos para que uma marca possa pleitear o título de Haute Couture, segundo o site oficial da Federação, são: empregar no mínimo 15 pessoas nos ateliês, elaborar peças exclusivas e feitas à mão, apresentar para a imprensa (em Paris) a cada estação uma coleção de pelo menos 35 trajes compostos de modelos para o dia e para a noite.