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A Academia Brasileira de Eventos e Turismo protocolou ontem na Presidência da República uma Carta que reivindica que a pasta do Turismo seja extinta e incorporada a de Indústria e Comércio. A iniciativa decorreu após a decisão recente de Henrique Alves pela saída do Ministério do Turismo e, especialmente, pela alta rotatividade de Ministros e sua falta de eficácia nos últimos dez anos.
O documento cita a importância do enxugamento da máquina pública, os exemplos de países evoluídos que atrelam as estruturas oficiais de turismo a pastas econômicas e propõe, ainda, que a Embratur fique subordinada à Secretaria Nacional de Turismo, a ser criada dentro do Ministério de Indústria, Comércio e Turismo. Aliás esse foi o desenho observado no governo Itamar Franco e no início da gestão Fernando Henrique Cardoso, quando a Secretária foi comandada por Caio Luiz de Carvalho e Silvio Barros III, dois competentes profissionais com anos de serviços prestados ao Turismo.
“Considerando que a economia de eventos e turismo é desenvolvida pela iniciativa privada, se faz necessário criar políticas públicas, com vista a promover e desenvolver as correntes turísticas para e pelo Brasil, através de um órgão gestor com perfil profissional voltado para o mercado, devidamente capacitado para gerar normas duradoras e transparentes e com o devido acompanhamento, criando desta maneira um ambiente sadio para realização de negócios”, diz um trecho da carta.
“Apesar de algumas entidades ainda defenderem a continuidade do Ministério, a verdade é que seus pouco mais de dez anos desde que foi criado, teve uma atuação brilhante em seus primeiros quatro anos e depois disso foram somente dissabores. Considerado moeda de troca com partidos, o Ministério foi ocupado e usado (mal-usado) por políticos que se aboletaram no cargo”, afirma Sergio Junqueira Arantes, publisher da Revista Eventos e do Portal Eventos.
Junqueira continua, “anos atrás, o Turismo que lutava para sair das páginas sociais para as econômicas, acabou nas policiais. Ou sendo objeto de piada, um ministro que usava verbas públicas em motéis e outro que usou sua sala no Ministério para um ensaio ‘sensual’ de sua esposa. A boa gestão do período Mares Guia, Zuanazzi e Sanovicz foi destruída pela má-gestão da Marta Suplicy, levando ao desmonte dos quadros da Pasta, que paulatinamente foi perdendo seus melhores quadros”.
“Nestes 10 anos, o Ministério nada fez que justificasse sua existência, prejudicando inclusive a atuação da Embratur. Um exemplo dos resultados negativos desse período, é a perda de posição do Brasil no ranking da ICCA, caindo do 7º lugar para o 11º este ano. Outros países que sediaram Copa e Olimpíada conquistaram posições relevantes nos diversos rankings do turismo, ao contrário do Brasil”, finaliza Sergio Junqueira.
Veja a íntegra o texto do documento, protocolado em Brasília na última segunda-feira (20):
“Senhor Presidente,
A consciência do momento histórico e delicado por que passa nossa Nação, cônscios da responsabilidade que temos quanto ao futuro da importante atividade econômica do turismo no Brasil, na véspera de um dos mais importantes eventos do mundo a Olimpíada, nos motiva a vir à presença de Vossa Excelência para expor o que se segue:
1 - A necessidade de enxugamento da máquina pública urge, bem como a redução dos gastos, otimizando os investimentos em atividades que deem retorno de curto prazo.
2 - Os países mais evoluídos no campo de nossas atividades turísticas, a exemplo de França, Inglaterra, Japão, Alemanha e Canadá dispõem de estruturas oficiais de turismo atreladas a Pastas econômicas. Da mesma forma, países vizinhos também vêm obtendo êxito, a saber: Chile, Colômbia e Peru.
3 - Louvamos os esforços do passado na busca de uma identidade por intermédio de uma Pasta específica para o Turismo, mas o histórico demonstra uma relação custo x benefício para a Nação muito aquém do almejado.
4 – A Embratur, subordinada a uma Secretaria Nacional em uma Pasta econômica forte e representativa, com um Secretário que represente os anseios do setor e com reconhecida experiência no turismo, atenderá melhor e plenamente, de forma racional, o momento político econômico que vivemos.
Não nos cabe, Senhor Presidente, a indicação de nomes, que sabemos ser da competência única de Vossa Excelência, mas nos cabe externar nossa posição como profissionais representativos dos mais variados setores da atividade econômica de eventos e turismo.
Neste contexto, importante reconhecer e valorizar a relevância da economia de eventos e turismo, no contexto do desenvolvimento do Brasil e dos brasileiros, considerando sua importância como geradora de conhecimento, renda, empresa e emprego, e ainda por ter o menor custo por posto de trabalho gerado, comparando-se com outros setores.
Considerando que a economia de eventos e turismo é desenvolvida pela iniciativa privada, se faz necessário criar políticas públicas, com vista a promover e desenvolver as correntes turísticas para e pelo Brasil, através de um órgão gestor com perfil profissional voltado para o mercado, devidamente capacitado para gerar normas duradoras e transparentes e com o devido acompanhamento, criando desta maneira um ambiente sadio para realização de negócios.
Importante ressaltar ainda que o turismo acontece nas cidades de destino, constituindo-se em importante fator de distribuição de renda e fixação do homem à terra, sendo parte das grandes soluções para retomada do crescimento econômico, por isso ansiamos vê-lo reconhecido no âmbito de um Ministério da área econômica.
A Academia Brasileira de Eventos e Turismo tem no seu capital humano 40 profissionais reconhecidos no mercado, em todas as áreas da economia de eventos e turismo, com ampla condição e disponibilidade para colaborar na definição das diretrizes macroeconômicas do setor.
Certos de que Vossa Excelência receberá esta carta como uma manifestação de apoio e desejo por um Brasil melhor, apresentamos nossos mais cordiais e respeitosos cumprimentos”.
Sergio Medina Pasqualin – Presidente
Ibrahim G. Tahtouh – Vice-presidente
Fonte: Revista Eventos