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Myriam Sanchez teve que passar por uma experiência triste para perceber o quanto o mercado de produtos para mulheres mastectomizadas era extremamente carente no Brasil. Há quase 30 anos, sua prima, na época com 31, teve que tirar uma das mamas após descobrir que estava com câncer na região. “Ela era vaidosíssima e toda a família queria ajudá-la a superar o problema da melhor forma possível”, conta. “Procuramos muito, viajamos para vários lugares, mas não encontrávamos produtos especializados para o corpo dela. Só achávamos algumas lingeries de estilo muito sério e conservador. Tudo tinha cara de cirurgia. A autoestima começou a ficar muito afetada”, relembra.
A saída encontrada por elas foi abrir uma loja que pudesse oferecer os produtos que procuravam: “Entramos em contato com confecções terceirizadas, que tiveram a boa vontade de desenvolver modelos mais bonitos, atuais, coloridos, estampados, com renda. Foi aí que surgiu a Mama Amiga”. A loja funciona desde 1985 no bairro de Pinheiros, São Paulo, e foi uma daspioneiras em oferecer sutiãs, maiôs, camisolas, roupas de academia especiais para mulheres mastectomizadas, além de próteses mamárias. “No começo foi difícil porque ninguém quer confeccionar um número limitado de peças. Todo mundo pensa muito em números. Até hoje não são muitos os lugares que vendem lingeries bonitas para mulheres que tiraram o peito, mesmo com a multiplicação dos casos no Brasil e no mundo. É ainda um tabu se falar abertamente sobre as necessidades de quem passou por um câncer de mama”, afirma Myriam.
A premissa da Mama Amiga é oferecer peças que façam a mulher continuar se sentindo uma mulher com muito conforto, é claro. “Os sutiãs são forrados para acomodação da prótese. Os maiôs e biquínis têm uma modelagem especial, mais fechados no decote e na cava debaixo do braço, para a cicatriz não ficar em evidência. Dependendo do tamanho, temos até modelos tomara-que-caia", explica.
Segundo Myriam, eles oferecem uma orientação especial na hora de escolher o produto. "Tudo para que a mulher fique completamente satisfeita e não se sinta diferente do resto do mundo”, explica. “Nosso trabalho, acima de tudo, é não permitir que a mulher se limite a um sutiã sem graça, bege. É muito desagradável a pessoa passar por um problema de saúde tão sério e ainda ser impedida de vestir o que deseja. Continuar com a autoestima lá em cima e ter a oportunidade de escolher o que usar faz toda a diferença”.