A moda brasileira conquista o mundo nas passarelas de Moscou

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  Fonte: Divulgação   Moscou será palco de um dos eventos mais importantes da moda internacional, o BRICS+ Fashion Summit. O evento reunirá mais de 100 países da América Latina, Ásia, África, Europa, Oriente Médio e da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), criando uma plataforma para a troca de ideias, discussão do futuro do mercado global da moda e será uma oportunidade para designers e marcas apresentarem suas criações e conceitos próprios.   Criadores de moda de economias emergentes estão ganhando cada vez mais destaque no cenário global, com ênfase no desenvolvimento sustentável e na responsabilidade social. Isso se reflete na forte participação da América Latina no evento, que trará a sua a influência cultural com uma delegação que inclui diretores de semanas de moda, instituições educacionais, além de designers de países como Brasil, Guatemala, México, Honduras, Costa Rica, Nicarágua, Panamá, Paraguai, El Salvador, Equador, Colômbia, Argentina, Venezuela, G

Pirarucu avança na indústria da moda

Inovações com couro de peixes, "café" de açaí e óleo de pracaxi mobilizam startups do Amapá com investimento do PPBio
  

Fotos divulgação: Yara Couros
 

Sucesso na gastronomia, o pirarucu – maior peixe de água doce do planeta, nativo da Amazônia – entra no radar dos negócios devido a um novo atrativo: a pele, que hoje é descartada no lixo pelos produtores e ganha valor como couro na indústria da moda. "O diferencial está no impacto positivo ao reunir soluções tanto para os resíduos que poluem o ambiente como para o aumento da renda com atividades sustentáveis na floresta", afirma Frank Portela, cofundador da Yara Couros, no Amapá.
 

O empreendedor já atua na fabricação de sapatos e bolsas de couro tradicional de gado e agora busca padronagens da natureza fornecidas pela produção da pesca e da piscicultura, incluindo espécies como pescada-amarela, corvina e tilápia. O novo negócio baseado na biodiversidade planeja processar até 2 mil peles por mês, também para o mercado de design como revestimento de móveis de alto padrão. Na primeira fase, uma planta-piloto está sendo instalada pela startup em Santana (AP) para finalizar os testes das tecnologias de curtume e validar o produto em maior escala, com R$ 2 milhões de investimento captados por meio do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio).
 

A iniciativa é uma política pública voltada ao repasse de investimentos obrigatórios das empresas em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), conforme a Lei de Informática. Para atingir o raio de abrangência da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), que visa promover o desenvolvimento da Amazônia Ocidental (Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre) e do Amapá, o programa se expande para além da capital amazonense, diversificando aportes em projetos e negócios inovadores que surgem em toda a região no esteio da importância da Amazônia para o País e o planeta. "As realidades variam de um estado para outro, com diferentes potenciais, demandas e desafios", afirma Paulo Simonetti, líder de captação e relacionamento com o investidor do PPBio.
 

Coordenado pelo Idesam, ONG sediada em Manaus com foco na conservação e desenvolvimento sustentável, o PPBio soma R$ 91 milhões em aportes por 34 empresas investidoras, com 31 projetos em execução ou já concluídos. São principalmente bionegócios que solucionam gargalos das cadeias desde a origem na floresta – como boas práticas de manejo, capacidade de fornecimento, preços e padrões de qualidade – de modo que óleos vegetais, açaí, castanha e outros produtos cheguem na ponta final aliando cultura tradicional e visão de mercado. "No Amapá, a cena local do empreendedorismo e inovação está fervilhando de bons projetos", aponta Simonetti.
 

No caso do pirarucu, carro-chefe da Yara, um dos principais desafios da inovação é vencer barreiras de custo, com a difícil logística amazônica, e alcançar viabilidade de preços para remuneração justa de fornecedores na ponta inicial da cadeia. O objetivo é replicar curtumes de couro de peixes pela Amazônia e permitir preços mais acessíveis para essa novidade nas vitrines da moda em centros mais distantes, com geração de impacto positivo na floresta.

Com 74% do território coberto por floresta tropical, o Amapá é dono de expressiva fonte de insumos para a bioeconomia como vetor de desenvolvimento. "Queremos transformar problema ambiental em solução e valor no mercado", enfatiza Thiago Monteiro, CEO da Amazon BioFert, empresa que tem como matéria-prima o caroço do açaí, gerado em grandes quantidades como resíduo após a retirada da polpa para consumo. Com o material, a startup, sediada em Macapá (AP), produz biofertilizante e condicionador de solo que aumentam a produtividade agrícola em até 50%, permitindo maior retenção de nutrientes e menor desperdício no uso de insumos.
 

Baseada na tecnologia de biochar (biocarvão), a inovação representa maior acesso a insumos agrícolas. "Um dos maiores gargalos da região é a falta de fertilizantes devido ao distanciamento dos centros de distribuição do País", explica Monteiro. Segundo ele, além da questão logística, as características do clima e solos amazônicos normalmente exigem reposição de nutrientes para a agricultura, mas, como apenas 30% deles são absorvidos, a tendência é de uso indiscriminado de aditivos químicos.
 

O açaí – maior cadeia produtiva da floresta na Amazônia – tem produção em torno de 1,5 milhão de toneladas por ano na Região Norte, de acordo com o IBGE. Somente no Amapá, onde é expressivo o hábito do consumo do fruto pela população, dados oficiais indicam a geração de 9 mil toneladas por ano de caroço como resíduo, mas a estimativa é de um número real três vezes maior, destinado a lixões e terrenos baldios ou à queima como carvão em olarias.
 

"Na forma de carvão ativado, obtido por alta temperatura sem queima, o material funciona como uma espécie de ímã, com maior retenção de nutrientes", diz o empreendedor, que participou do programa Inova Amazônia, do Sebrae, para fazer os primeiros testes, em 2022. Atualmente, o produto é vendido em supermercados para uso em jardinagem, e o projeto, com o investimento do PPBio, é aperfeiçoar a tecnologia visando aumentar a capacidade produtiva para 32 toneladas mensais e atender à agricultura familiar.
 

Na busca de soluções para o resíduo de seu processamento, o açaí centraliza inovações também como bebida aromática, na forma de "café", como no caso da startup amapaense Engenho. "Em parceria com pesquisadores da Universidade do Estado do Amapá, o desafio inicial foi eliminar fibras indesejáveis e aperfeiçoar sabor e aparência", conta o CEO, Lázaro Gonçalves. Após protótipo contendo alta concentração de vitaminas, minerais e antioxidantes, a produção do "café" de açaí será modernizada com recursos captados via PPBio, no plano de atingir 9 toneladas por mês após o primeiro ano.
 

Além de compor blends com 60% de caroço de açaí e 40% café tradicional, a expectativa para o produto, já presente em supermercados da região, é a internacionalização para mercados do Japão e Alemanha, em busca de alimentação saudável com origem na floresta em pé. "Como pioneiros, saímos na frente da concorrência com o desenvolvimento do próprio maquinário e demais tecnologias", destaca Gonçalves.
 

No caso da startup Inova Manejo, também do Amapá, apoiada por investimento de empresas da Zona Franca de Manaus, a novidade está no óleo de pracaxi. De alta demanda pela indústria de cosmético, o produto mobilizou pesquisadores da Embrapa e comunidades extrativistas para o desenvolvimento de maquinário capaz de processar essas sementes para extração do óleo com maior eficiência e menor custo. "Além de substituir peças de madeira por aço, com a função de melhorar a qualidade do produto, a nova prensa utiliza sistema hidráulico para facilitar e reduzir o esforço físico do manuseio artesanal, feito normalmente pelas mulheres das comunidades", explica o empreendedor amapaense Anderson Vasconcelos.
 

Com recursos captados por meio do PPBio, a tecnologia está sendo aperfeiçoada para aumentar o rendimento, com capacitação técnica às comunidades até a etapa de comercialização do óleo. "É preciso aliar conservação e uso sustentável da floresta com eficiência produtiva", completa Vasconcelos.
 

Sobre o PPBio

O Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) foi idealizado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e coordenado pelo IDESAM com o intuito de captar recursos de investimentos obrigatórios em P&D (Lei de Informática) para geração de novos produtos, serviços e negócios para a Bioeconomia Amazônica. Nesse cenário, além de contribuir para soluções ao desenvolvimento sustentável da Amazônia, o programa fornece apoio estratégico à agenda ESG das empresas do Polo Industrial de Manaus. A iniciativa integra os seguintes eixos temáticos: 1) Prospecção de princípios ativos e novos materiais a partir da biodiversidade amazônica; 2) Biologia sintética engenharia metabólica, nano biotecnologia, biomimética e bioinformática; 3) Processos, produtos e serviços destinados aos diversos setores da bioeconomia; 4) Tecnologias de suporte aos sistemas produtivos regionais ambientalmente saudáveis; 5) Tecnologias de biorremediação, tratamento e reaproveitamento de resíduos; 6) Negócios de impacto social e ambiental. investimento do PPBio
 

Divulgação Yara Couros




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