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Fotos: Divulgação |
Para o outono europeu de 2017, a Lacoste deu carta branca à dupla de artistas gráficos Mathias Augustyniak e Michael Amzalag, aliás M/M Paris.
Felipe Oliveira Baptista, o diretor artístico da Lacoste, sonhava em combinar o icônico crocodilo com o talento e o mundo realmente especial desses dois artistas. "Admiro o trabalho deles, que considero muito pessoal e variado. Gosto da alquimia que ocorre entre a liberdade de tom e o rigor de suas criações", explica.
Por três décadas, a M/M Paris corporificou o que de melhor existe no campo dos símbolos e da identidade visual. Entre os designers mais inovadores de sua geração, essa dupla marcou época com suas criações artísticas baseadas em pensamentos sempre profundos e muitas vezes políticos.
O que os torna originais é o fato de nunca trabalharem em apenas uma mídia. Assim, Mathias e Michael passam, de acordo com suas afinidades, da moda para a música, da arte contemporânea para o teatro e da decoração para a criação de perfumes.
Por um longo período, colocaram seu nome para promover Yohji Yamamoto e, com Nicolas Ghesquière, criaram o vocabulário renascentista de Balenciaga. Entre outras atividades, trabalham hoje com Jonathan Anderson para a Loewe e sua marca JW Anderson.
São também os artistas gráficos oficiais de Björk, Benjamin Biolay, Etienne Daho e Jean-Louis Murat. Trabalham ainda com os artistas Dominique Gonzalez-Foerster, Pierre Huyghe e Philippe Parreno, e com instituições como o teatro de Lorient, o Centro de Arte Contemporânea em Dijon (Dijon Consortium) e a Fiac (Feira de Arte Contemporânea de Paris), cujos cartazes criam desde 2005.
É uma clientela eclética, com a qual constroem um relacionamento de longo prazo, estabelecendo assim uma verdadeira cumplicidade, onde cada parceiro ajuda o outro em seu desenvolvimento. Aproveitamos então a oportunidade para perguntar a eles como receberam esse convite.
O alfabeto é, sem dúvida, a área favorita de expressão de Mathias Augustyniak e Michael Amzalag, que se divertiram redefinindo o contorno do icônico crocodilo de "A a Z". Graficamente redesenhado de acordo com a geometria das letras que compõem o nome da marca, o L estiliza a cauda do crocodilo, enquanto o E representa sua boca aberta.
Os produtos, em uma coleção cápsula e edição limitada, assumem um novo visual por um certo tempo, enquanto esses artistas estão trabalhando conosco.
Produzida nas cores clássicas da LACOSTE – branco, azul marinho, vermelho, azul céu ou pink flamingo – cada peça é bordada com a palavra "LACOSTE" em letras bicolores (verde e vermelho).
Esse bordado substitui o crocodilo em uma polo de mangas curtas e se move para o meio da peça em um suéter e uma faixa de cabeça ou pulso, enquanto uma camiseta unissex contém todo o alfabeto, no qual apenas as letras da palavra LACOSTE são coloridas. Essas estampas são repetidas de um lado da bolsa Anna reversível, o outro lado mostrando uma estampa com repetição do logotipo da bem-sucedida dupla, M/M (Paris).
Para a edição limitada, o famoso estúdio gráfico francês já inventou uma versão de "dias da semana" para a polo unissex: 7 letras para LACOSTE e uma letra em tamanho maior para cada uma das 7 polos, sempre com a palavra LACOSTE bordada no lugar do crocodilo.
Um casaco com capuz cinza urze ou totalmente preto e um poncho estampado, que combinam a estampa do alfabeto e a estampa M/M (Paris), completam essa edição limitada. Os acessórios adicionais são um par de tênis brancos L.12.12, decorados com o patch LACOSTE e equipados com uma sola vermelha, e uma bolsa esportiva em forma de crocodilo.
Q&A com Mathias Augustyniak e Michael Amzalag
Como foram abordados por Felipe Oliveira Baptista?
Mathias Augustyniak: Ele se aproximou de nós como se fosse um crocodilo, andando de quatro. Estou brincando! Estávamos nos seguindo à distância. Nós o víamos como um designer interessante para sua própria marca e também gostamos de sua abordagem para a Lacoste. Um dia, lhe enviamos uma reedição de um disco de Marie et Les Garçons, um grupo que gostamos da década de oitenta, com um dos invólucros mostrando uma camisa Lacoste em azul pálido, fotografada sobre um fundo branco, como se fosse um objeto de culto. Estávamos certos de que ele iria gostar desse relacionamento entre as coisas.
O que a Lacoste e seu logo, o crocodilo, representa para vocês como artistas?
Mathias Augustyniak: Foi a primeira marca a usar como símbolo algo que não tem nada a ver com o produto. É o antepassado da maçã, no caso da Apple. Um crocodilo que se torna repentinamente uma camisa polo é incrível! Basta pensar que esse crocodilo nem sequer diz mais 'Lacoste' e sim 'o top do tênis'. Para nós, é O símbolo definitivo. É o primeiro animal que perde o significado animal, para se tornar a representação de uma marca. E para nós, fascinados como somos por signos, símbolos e imagens, é um grande sucesso. Um emoji antecipado.
Qual foi a relação de vocês ao convite da Lacoste?
Mathias Augustyniak: Dissemos a nós mesmos que seria bom fazer o crocodilo seguir o caminho oposto e trazê-lo de volta ao mundo dos signos. É por isso que escrevemos a palavra Lacoste com a forma de um crocodilo, usando um alfabeto que já havíamos criado. Utilizamos uma tipografia simples e expressiva, que permite transmitir a imagem do que está escrito. Se eu escrever 'banana', por exemplo, posso fazer com que as pessoas acreditem que parece uma banana.
A letra L, no inicio, parece uma cauda erguida.
Mathias Augustyniak: Foi um golpe de sorte. Além disso, o E é uma letra aberta e parece a boca aberta do crocodilo. Isto funciona bem. Colocamos também dois pontos vermelhos nas aberturas do E. Nosso crocodilo foi assim estilizado, usando preto, branco, verde e vermelho como o original. Mas pode não ser apenas uma questão de sorte. O animal simboliza a tenacidade do jogo de René Lacoste, mas talvez seu nome já tenha refletido seu jogo. É aí que escapamos e partimos para a poesia e o jogo de palavras, sinais e símbolos.
Como consumidores, em que idade foram atraídos pela camisa polo da Lacoste?
Mathias Augustyniak: Meus primos, cujo pai era um gendarme, usavam as polos Lacoste. Como seus pais ganhavam mais que os meus, as polos que ficavam pequenas foram sendo passadas para mim. Quando as via chegar, ficava fascinado.
Qual era a cor das camisas?
Mathias Augustyniak: Brancas. Com o crocodilo em verde. Mais tarde, quando tinha em torno de 20 anos, experimentei a polo Lacoste de mangas compridas.
Michael Amzalag: Estou tentando lembrar se tive essa atração, mas acho que não. Acho que era francesa demais para mim
Por que se interessaram em trabalhar com a Lacoste?
Mathias Augustyniak: Era uma questão de perguntar a nós mesmos: é possível redesenhar o logotipo Lacoste? Uma ideia maluca, porque a Lacoste tem um dos melhores logotipos do mundo e há 85 anos. Mas pelo fato de ser uma colaboração artística, fomos capazes de criar um projeto utópico. "E se, apenas por uma estação, a Lacoste não fosse mais um crocodilo, mas letras que se unem para formar um crocodilo?"
Michael Amzalag: No briefing inicial, a ideia era projetar uma camisa polo, nossa versão da polo Lacoste. Perguntamos então: o que vamos mudar? Dissemos a nós mesmos que, se fôssemos refazer o logotipo, se fizéssemos um trabalho de branding, teríamos que usá-lo em tantos produtos quanto possível.
Como escolheram os produtos?
Mathias Augustyniak: Certas polos apresentam simplesmente um novo branding, mas houve também muito trabalho de desenvolvimento em produtos padrão, que redesenhamos juntamente com o Felipe.
Tal como o poncho largo com todo o alfabeto, por exemplo?
Mathias Augustyniak: Sim. Felipe costuma redesenhar os clássicos da empresa. Faz isso porque é inteligente. Ao invés de fazer coisas completamente loucas, ele embeleza as formas existentes e as torna mais contemporâneas, o que é bastante inteligente. Escolhemos cores e formas e tentamos adequar os produtos à nossa visão estilística da marca e da época.
E a bolsa de tênis em forma de crocodilo de sua criação?
Mathias Augustyniak: Uma vez que começamos a trabalhar juntos, sugerimos ir mais além e criar coisas que ainda não existiam, como essa bolsa. Redesenhamos também o blusão preferido pelos fãs, com a ideia de criar um homem-sanduíche. É uma forma de midiatizar nosso projeto, como um grande poncho promovendo o alfabeto que criamos.
Uma tipografia com letras que parecem um cortador de biscoitos?
Mathias Augustyniak: É um trabalho que emprega palavras como imagens, um exercício de tipografia muito simples que se encontra no primeiro ano das escolas de design gráfico. Essas letras têm um formato muito rudimentar, com base em princípios muito rígidos. Há um lado alegre e brincalhão em sua estrutura, mas a regra de construção é muito básica. Essa foi nossa resposta ao convite de Felipe, mas também nossa maneira usual de trabalhar com a tipografia.
A tipografia é a base de seu trabalho?
Mathias Augustyniak: Sim, criamos vários alfabetos, praticamente a cada vez que trabalhamos para uma marca. Somos nós a fazer tal sugestão, pois em geral a marca não pede por isso. Para nós, é uma ferramenta que permite estabelecer uma linguagem.
A marca precisa...
Michael Amzalag: …de uma voz.
Mathias Augustyniak:, percebemos que essa era a maneira mais simples e eficaz de expressar uma voz, por mais diferentes que fossem as mídias envolvidas.
Quando vocês trabalham com BJÖRK, FIAC ou lojas, o elemento tipográfico está mais presente do que nunca?
Mathias Augustyniak: É o menor denominador comum de todos os nossos projetos. Podemos usar o alfabeto como um ponto de entrada para cada um deles. Um pouco como ocorre com nosso livro. É sempre o ponto de partida. Com Björk, foi a primeira tipografia que associamos à sua voz, uma tipografia semelhante a fios (o allegretto), que depois inspirou todas as tipografias que criamos para ela. Poderíamos fazer uma exposição sobre Björk sem imagens, apenas de modo gráfico.
Esse logo temporário da Lacoste também será produzido em 3D?
Mathias Augustyniak: Essas letras falam sobre a marca, mas também podem traçar seu território. Essa é a base do que estamos demonstrando. Seu sistema simples permite que sejam ampliadas para a escala de uma sala: um cubo branco de 100 m², contendo um enorme crocodilo estilizado. Ou, em uma escala menor, poderiam ser uma peça de mobiliário para guardar camisas polo. As possibilidades são infinitas. Expandidas em vinte vezes o seu tamanho, poderíamos imaginar um edifício Lacoste. Uma total liberdade como essa torna o jogo real, um estímulo intelectual e um trabalho de reflexão sobre a marca, permitindo realçar a validade e a inventividade de seu logotipo. Fizemos uma falsificação do crocodilo, mas uma falsificação legal. Foi bastante divertido!
Coleção disponível somente na loja Lacoste do Shopping Iguatemi São Paulo.
Sobre a LACOSTE
Para a Lacoste, a vida é um belo esporte!
Desde a primeira polo criada em 1933, a Lacoste aposta nas suas autênticas raízes esportivas para estimular o otimismo e elegância no mundo, graças a um estilo único e original para mulheres, homens e crianças. Com uma visão de ser a líder no mercado casual wear premium, a marca do crocodilo está hoje presente em 120 países através de uma rede de distribuição seletiva. Dois itens Lacoste são vendidos a cada segundo no mundo.
Como um grupo internacional que reúne mais de 10.000 homens e mulheres, a Lacoste oferece uma gama completa de produtos: vestuário, artigos de couro, perfumes, calçados, óculos, roupas de casa, relógios e roupas íntimas, todas elas elaboradas com qualidade e de forma responsável e ética.
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