Desde o início desta década a indústria de moda íntima feminina, assim como todo o setor do vestuário no Brasil, vem sofrendo com o cenário adverso do câmbio, favorável aos artigos importados, e com as baixas taxas de crescimento do PIB brasileiro, sempre muito aquém da média dos demais países emergentes.
Segundo o estudo “Mercado Potencial de Moda Íntima e Meias”, que acaba de ser elaborado pelo IEMI Inteligência de Mercado, nos últimos dois anos, porém, este segmento que engloba a confecção de calcinhas e sutiãs, camisolas, pijamas e modeladores, apresentou uma leve retomada nos seus volumes de produção, em torno de 2,4% acumulados em 2013 e 2014. Para 2015 dados preliminares apontam expectativas para uma nova expansão da produção, em torno de 1,5% em volumes de peças.
“Contribuem para explicar este possível crescimento, a elevação da taxa de câmbio, com uma forte apreciação do dólar frente ao real, o que tende a frear as importações e a reabrir as oportunidades de exportação por parte dos médios e grandes fabricantes nacionais. Alguns deles, inclusive, jamais deixaram esfriar seus contatos com clientes do exterior, mesmo em épocas de dólar a R$ 1,50, quando era impossível ter preço para competir com os asiáticos em grandes redes do exterior”, explica Marcelo Prado, diretor do IEMI.
Curiosamente, o documento também mostra que dentro do setor a peça que merece destaque, neste processo de recuperação da produção nacional, é o sutiã que se encontra cada vez mais valorizado, diversificado e inovador, com a utilização de novas tecnologias, materiais e componentes, para torná-lo cada vez mais desejado pelas consumidoras.
Nos últimos dois anos a produção de sutiãs avançou 7,3% em volume de peças e nada menos que 30% em valores nominais (sem descontar a inflação do período), demonstrando que a estratégia de crescimento adotada para o produto, durante este período de demanda desaquecida, passou longe da oferta de produtos similares, básicos e de baixo custo.
“O sutiã é mais um excelente exemplo que em tempos de crise o que vende é o novo. Sem a inovação, será difícil gerar desejo pelo produto e motivar a compra por parte dos consumidores, empurrando a marca para a briga de preço”, afirma Prado.
Unidades produtoras por porte
As empresas de grande porte, compostas por pouco mais de 100 empresas e responsáveis por 36% da produção nacional, também vêm apresentando uma retomada bem mais expressiva em seu crescimento, frente aos micros e pequenos produtores.
Com estratégias bastante agressivas de produto, distribuição e marca, associadas com fontes variadas de suprimento, como a produção em regiões incentivadas, terceirização e importação, para dar sortimento e velocidade de inovação ao seu mix de produtos. A produção deste grupo, nos últimos dois anos, registrou uma expansão média acumulada de 5,5% (contra 0,5%, das micro e pequenas empresas).
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