Elegância do comportamento é a elegância natural, sem obrigação de parecer natural. É a elegância gravada no ânimo e que nos acompanha desde o primeiro bom dia até o bocejo solitário que anuncia o fim da jornada e que a cama está logo ali.
Vai além do uso correto do garfo e da faca, aflora nas pessoas que elogiam sem o “no entanto” da crítica covarde e traiçoeira, do risinho escondido de escárnio, inimigo da saudável gargalhada compartilhada.
Está presente naqueles que não usam o colonialismo francês qualificador das pessoas, cuja importância é dada pelo insuportável: “Você é de que família”?
Sobrenome, marcas de grife, perfumes importados, freqüência ao cabeleireiro, nariz empinado não validam a elegância do gesto.
Elegância do comportamento está presente nos que descruzam os braços e fazem para os outros o que querem que lhes façam, no exemplo positivo de ir ao encontro do outro e não no negativista “não faça para os outros o que não queres que lhe façam”. Também está presente nos que oferecem abraços em pencas na chegada e cestos de flores de beijos na despedida.
É elegante quem oferece o lugar na condução, respeita o sinal de trânsito, oferece ajuda aos mais velhos, o ombro amigo aos despossuídos de vista e o braço amigo com seu músculo abarrotado de amizade ao cadeirante, esteja este cansado ou não.
É muito elegante não ter preconceito! Não discriminar é um grande traço de elegância. É deselegante tanto a discriminação explícita quanto a velada. Assim, é deselegante falar em “língua negra” referindo-se às línguas de água podre, tão comuns em frente à nossa cidade. Negro é raça e não cor e a raça negra já nos deu irmãos como José do Patrocínio, Felipe Camarão, Machado de Assis, Martin Luther King, Charlie Parker, Bispo Desmond Tutu, Nelson Mandela, entre outros.
“Humor negro” nem pensar! Também é deselegante dizer que não se deve “judiar”, tanto os animais quanto as pessoas, eis que assim como nós, nem todos os judeus são maus. É muito deselegante o preconceito sexual, eis que as pessoas são fundamentalmente espírito, eterno e ligado à Grande Estrela que nos criou e, creiam, espírito não tem sexo. Espírito se nutre de amor. O corpo, que tem na sexualidade uma opção, nada mais é do que parte da matéria que nos cerca e para ela voltará um dia.
É possível detectar elegância nos que são pontuais, que não esperam platéia para sua chegada, nos que não “furam” compromissos nem filas, nos que ensinam aos filhos que sim é sim e não é não, sem ensiná-los a mentir no “diz que eu não estou”.
Elegante é quem cumpre o que promete, não fala alto e ouve mais a voz da consciência que o “sonzão” em altos brados. É deselegante ser espaçoso demais!
É elegante não jogar lixo na rua, qualquer lixo, aí incluído o “tiro ao alvo” com lata vazia de cerveja da janela do ônibus, do carro ou caminhando. É muito elegante não estacionar o carro sobre a calçada em desrespeito aos pedestres, aos cadeirantes e aos nossos irmãozinhos que ainda usam fraldas e carrinhos movidos a amor.
É muito elegante abrir a porta do carro como no primeiro dia, puxar a cadeira no restaurante, escolher e sugerir o vinho, fazer os pedidos ao garçom, esperar a acompanhante começar a comer e só cruzar os talheres após esta fazê-lo, pagar a conta e contar contos ao por do sol.
E que dizer dos que reconhecem seus erros como fez o caríssimo Antenor? Esse lado gente, como tudo na vida, precisa ser exercitado sob risco de enferrujar.
ELEGÂNCIA DO COMPORTAMENTO, dá pra notar, é algo que não tem nada a ver com modelar-se em academia ou usar roupas de grifes caras, com carros de luxo ou fartas doses de whisky. É, simplesmente, repito, o que antes chamávamos de cavalheirismo, artigo tão escasso por estar fora de moda nos dias de hoje.
Fonte: Fatos e Opiniões - Amazônia Brasil