Na década de 1920, o mundo da moda já marcava presença nas telas do cinema, mas a abertura para esse mercado só aconteceu mesmo na década de 1930, quando a MGM recrutou a estilista Coco Chanel para assinar as coleções de três de seus filmes por um milhão de dólares.
Com a união dessas duas indústrias e tendo a estrela como foco e figura de moda, Hollywood produziu seu primeiro sucesso da moda: um vestido de organza branco, com ombros largos, mangas em tufos e cintura estreita. O modelo que foi criado pelo figurinista Gilbert Adrian em 1932 para a atriz Joan Crawford seduziu o público com seus lábios alongados no filme A Redimida. Somente em uma rede de lojas de departamento americana foi vendido mais de 500 mil peças semelhantes ao do modelo do filme.
Em 1946, o clássico Gilda, personagem representada pela atriz Rita Hayworth, foi outro grande sucesso que ultrapassou as telas do cinema e passou a ser copiado e adaptado para a realidade das platéias. Os modelos sensuais de Gilda, como os tomaras que caia de cetim, foram criados pelo figurinista Jean Louis e foi motivo de desejo por várias mulheres na época.
Nessa fusão cinema e moda, impossível esquecer Audrey Hepburn, referência fashion incontestável. Em 1954, no filme Sabrina, com seu glamouroso vestido de baile assinado pelo legendário estilista francês Hubert De Givenchy e figurino criado por Edit Head, levou pra casa a estatueta do Oscar na categoria de melhor Figurino.
No vestuário Masculino é irrefutável a transgressão de comportamento/moda anunciada por Marlon Brando em Um Bonde Chamado Desejo de 1951 e por James Dean no filme Juventude Transviada de 1955. Jeans e camiseta tornam-se símbolo de contestação de toda uma geração. Nestes dois filmes foram fixados uma maneira de se vestir que exprimem uma atitude em relação à sociedade: o blue jeans, a jaqueta de couro, a camiseta, a abolição da gravata, o desabotoado e o desleixado voluntário. Itens que são igualmente signos de uma resistência às convenções sociais do mundo dos adultos que foi expressão típica da adolescência americana em particular. O figurino do filme Um Bonde Chamado Desejo foi criado pela figurinista Lucinda Ballarc e no filme Juventude Transviada foi criado por Moss Mabry.
Aclamado não só pelo público feminino, o vestido branco esvoaçante de Marilyn Monroe usado no filme O pecado Mora ao Lado, foi motivo de alvoroço entre os nova-iorquinos depois da publicação de alguns cartazes da cena em que o vento levantava a saia do vestido branco de sua personagem no filme. O famoso vestido plissado, branco e frente única que Marilyn Monroe vestiu foi parte de um jogo de figurinos desenhados por William Travilla, que também trabalhou nos trajes de Marilyn no filme Os homens preferem as loiras.
Não somente os vestidos de noite foram figurinos marcantes na união do cinema com a moda. O biquíni, traje moderno de banho criado em 1946 por Louis Réard só chegou a atrair o público quando em 1956, a personagem de Brigitte Bardot no filme E Deus Criou a Mulher, apareceu usando um biquíni xadrez Vichy adornado com babadinhos na praia de Saint Tropéz. O biquíni (que na época era algo fora do comum), usado pela sua personagem foi tão comentado e imitado que o traje aconteceu nas praias e piscinas, disseminando no cinema, a moda praia. Pode-se constatar que cada detalhe, cada acessório, até o modo de ser eram transpassados da grande tela para o público; pois o biquíni de peça imoral passou a ser item fundamental no vestuário das mulheres ocidentais.
De volta com Audrey Hepburn, mas agora em 1961, e no filme Bonequinha de Luxo, o figurino de sua personagem, vestido preto de tafetá de seda, com brincos e colares de pérolas que mantinham o toque clássico do modelo; foi assinado também pelo estilista francês Hubert De Givenchy, pelo figurinista Edith Head e Pauline Trigère. Este figurino levou a alta costura para as grandes telas de forma célebre, os vestidos pretos de formas limpas (o famoso pretinho básico) eternizado por Hepburn se tornaram símbolo de elegância, feminilidade e sofisticação. Ele foi um marco dessa década e continua atual; impulsionou o glamour minimalista, sóbrio e sexy ao mesmo tempo. O look é utilizado como peça curinga no guarda-roupa atual de toda mulher. Givenchy, que tinha Audrey Hepburn como musa, foi responsável por figurinos memoráveis da carreira da atriz, como em Sabrina (1954) ao qual já foi comentado anteriormente; Cinderela em Paris (1956) que trata especificamente do mundo da moda e conta a história de uma vendedora de livros descoberta por um fotógrafo que decide transformá-la numa modelo; Charada (1963) e em Quando Paris alucina (1964), com o qual divide o mérito com Christian Dior. A estrela do cinema Audrey Hepburn, ficou cativada por seu trabalho e, após conhecê-lo, em 1953, tornou-se sua cliente mais fiel. Os modelos polidos, meticulosamente construídos, combinavam com seu visual gamine, e ela os usava dentro e fora da tela. Ele fez modelos para dezesseis de suas aparições cinematográficas entre 1953 e 1979 – a mais famosa para seu papel, como Holly Golightly, em Breakfast at Tiffany’s [Bonequinha de Luxo] (1961).
Hoje os maiores sucessos da moda no cinema, são os vestidos de festa, que, como num conto de fadas, transformam a mocinha numa mulher maravilhosa. Em 1990, Julia Roberts no filme Uma Linda Mulher com figurino criado por Marilyn Vance e, em 2002, a atriz Jennifer Lopez no filme Encontro de Amor, com um glamouroso vestido de chifom criado pelo estilista Bob Mackie.