Estado da Arte – Moda
“Se me fosse dado escolher no amontoado dos livros que serão publicados cem anos após a minha morte, sabe o que eu escolheria? Eu escolheria tranquilamente, meu amigo, uma revista de moda para ver como as mulheres estarão vestidas um século após meu falecimento. E estes pedacinhos me diriam mais sobre a humanidade futura do que todos os filósofos, romancistas, pregadores e sábios”.
Anatole France.
Conceitos de Moda
Ao conceituarmos moda, dizemos que a moda é mais do que simplesmente vestuário. Para se proteger do calor, do frio, da chuva, da neve e do sol, o Homem, animal que nasceu nu, necessitava de roupa. No entanto, se tratasse somente da proteção contra as forças da natureza, bastar-nos-ia apenas possuir algumas peças de vestuário, que poderiam ter uma longa duração.
Porém, a roupa serviu também para adornar e para distinguir quem as usava das demais. A roupa sempre foi um diferenciador social, uma espécie de retrato de uma comunidade ou classe. A maneira de vestir pode expressar a personalidade do utilizador; pode-se vestir para influenciar, impressionar ou seduzir alguém. A moda é um reflexo móvel de como somos e dos tempos em que vivemos, podendo revelar nossas prioridades, aspirações, liberalismo ou conservadorismo, ou ainda, satisfazem necessidades emocionais simples ou complexas ou seja, a moda fala, revela características, identidades e status de quem as usa. A maneira como nos vestimos dá forma a nossos sentimentos e emprestam elegância e cor ao nosso ambiente.
Podemos dizer então, que Moda é: Comportamento, comunicação, um fenômeno sócio/cultural, a inteligência comunicativa e a expressão da vontade de um grupo, diferenciadora e socializadora, a ruptura do uso, transformar a vontade das pessoas num produto na hora certa.
Ao contrário do traje típico ou do simples vestuário, a moda significa uma constante mudança, possibilitando ao utilizador ser único e inconfundível e, simultaneamente, demonstrar a pertença a um grupo, seja ele qual for. A existência da moda e as evoluções por que tem passado podem de certa maneira serem explicadas pelos fatores sociais, políticos e econômicos.
A moda segue as suas próprias leis formais, igualando-se à arte no papel que ela desempenha pelo gosto ao belo, pelas cores, pelas linhas e pelas formas. A interpretação do mundo vivido pelos homens de uma maneira muito própria, é a semelhança que a moda tem, desde sempre com a pintura e a literatura. O significado da moda não se resume somente a ser algo de consumível, é mais do que um mero produto entre muitos outros, pois a moda movimenta-se na linha que separa o Consumo da Arte. Muitos estilistas vêem-se como artistas ou muitas vezes cooperam com os profissionais das artes. Neste contexto, enquadramos as encenações de moda contemporâneas, nomeadamente os desfiles e a fotografia de moda, que na maior parte das vezes muito pouco têm a ver com uma moda que seja “vestível”, assemelhando-se mais a espetáculos teatrais, nos quais, em última instância são apresentadas obras de arte sob forma de peças de vestuário impossíveis de serem usadas no dia a dia. As criações de moda e suas encenações perecem ter-se tornado elas próprias uma forma de arte, cujo objetivo é criar constantemente idéias renovadas do corpo humano.
As relações a respeito do corpo e a da ergonomia devem ser aprofundadas quando desenvolvemos produtos de moda. Afinal, será o corpo coberto pelos artigos que criaremos. Então, para além dos aspectos sociológicos e culturais devem ser entendidos os aspectos fisiológicos e biológicos do utilizador.