Nos anos 80, os estilistas sentem necessidade de aglutinar-se e se organizam em grupos. Vai surgindo uma mentalidade de moda e de lançamentos nos grandes centros urbanos do país, com um pé no comportamento e na cultura jovem. O Rio cria e fortalece modismos, como a famosa tanga e a cocota (calça superbaixa). Também aposta em eventos como os do grupo Moda-Rio (Marco Rica, Beth Bricio, Teresa Gureg), no Golden Room do Copacabana Palace, em que aparecem modelos que marcaram a época, como a internacional Betty Lago, Veluma, Monique Evans e Ísis de Oliveira. Em São Paulo, depois da rua Augusta (que virou hype no final dos 60 e início dos 70), aparecem os shoppings centers, que imediatamente caem no gosto dos paulistanos.
É no final dos anos 70 que se instala uma prática característica da engrenagem fashion brasileira: as novelas. O país parou para ver Sonia Braga no papel da ex-presidiária Julia Mattos, na novela Dancin’ Days, de Gilberto Braga, levada ao ar em 1978-9. Foi o auge da era disco, e mulheres de todas as idades copiaram seus looks. A TV começava uma trajetória de incrível influência sobre o estilo, a moda e o comportamento no país, o que teria momentos culminantes nas novelas Água Viva (1980), quando virou coqueluche o biquíni asa-delta, de três cores, e Roque Santeiro (1985-6), quando Regina Duarte, impagável no papel da Viúva Porcina, espalhou o gosto pela extravagância no país.
Na década de 80, as ruas brasileiras acompanharam o culto mundial ao jeans. Num âmbito mais elitizado, reinava a Dijon, de Humberto Saad, que tinha como diva a jovem modelo Luiza Brunet (a primeira top model exclusiva de uma grife). Enquanto isso, a Dimpus e a sensacional Company, de Mauro Taubman, davam conta do mercado jovem. A Maria Bonita, a Andréa Saletto e a Georges Henri fincaram os pilares de um estilo carioca cool, despojado e sofisticado, que tinha o linho com peça de resistência. Precursora, Gloria Kalil, com sua Fiorucci, enchia Ipanema de cor, frescor e vitalidade, além de informação internacional de moda.
Em Belo Horizonte, o Grupo Mineiro de Moda tinha como principal nome Renato Loureiro, junto à Patachou, à Allegra e à Art-i-Manha. Em São Paulo, a Zoomp, de Renato Kherlakian (aberta em 1974), era verdadeira coqueluche. Em 1986. algumas marcas paulistas, como a Armazém, a Fórum (criada em 1981), a Tráfico, a Nessa César, a Zoomp e a Giovanna Baby, entre outras, organizaram-se para formar o Grupo São Paulo, na tentativa de realizar seus desfiles numa mesma data. Já a lendária Cooperativa de Moda reunia um punhado de talentos emergentes, em que se destacavam Walter Rodrigues e Conrado Segreto. No final da década, Segreto alcançaria um status único de celebridade.
Com temperamento e personalidade fortes, o estilista explodiu para a mídia com magníficas roupas de festa em seu desfile no Museu do Ipiranga, em 18 de junho de 1990, seguido de outras três grandes apresentações. A trajetória de Segreto foi interrompida pela morte, em novembro de 1992.