A abrupta entrada do Brasil na globalização trouxe também informação para uma juventude ansiosa por novidades. Começaram a chegar mais revistas, CDs, vídeos. Com mais poder de compra e mais mobilidade, cresceu no país o número de aparelhos de som, e muito mais gente pôde viajar. Começava a mudar o perfil do jovem brasileiro de classe média, que deixou de ser apenas aquele careta que andava em bandos nos shoppings centers para passar a refletir uma cultura jovem que acontecia no resto do mundo, menos preconceituosa em relação a tudo (opção sexual incluída).
Esse cenário configurou a explosão da cena clubber e também de sua moda. As pistas de dança sempre foram palco para experimentações e manifestações de expressão pessoal, e a música eletrônica se transformavas entrou no mundo das grifes e deu origem a um novo espectro de cliente e de consumo, definindo os contornos de uma geraça S o na língua franca de um mundo unido pela tecnologia e, depois, pela Internet. Cansados das ditaduras do dinheiro e do status impostas nos anos 80, garotos e garotas do Rio e de São Paulo, e depois dos outros centros, escreviam sua própria história.
No underground e no escurinho dos clubes noturnos, desfilava um punhado de estilistas que apostavam na criatividade e no abuso. Afinal, seus clientes tinham toda a vontade do mundo de ousar, criando personagens diferentes a cada noite, investindo na extravagância e nos arrojos de cunho sexual. Era a centelha necessária para acordar o cenário fashion brasileiro.
Foi desse universo que saiu Alexandre Herchcovitch, um jovem estudante de moda (as faculdades paulistanas foram criadas somente em 1990) que vestia travestis, drag queens e clubbers da noite. Seu primeiro desfile, no extinto clube Columbia, aconteceu em março de 1993, mesmo ano em que Herchcovitch se formou na Faculdade Santa Marcelina, a escola de freiras que viria a transformar-se no principal celeiro de talentos de São Paulo.
Esses novíssimos nomes ganharam a atenção da mídia. Criada em maio de 1992, a coluna “Noite Ilustrada”, na Folha de S. Paulo, servia como vitrine para os novos nomes e atraía a atenção do restante da mídia para a moda.ar, criando personagens diferentes a cada noite, investindo na extravagque apontavam na ituosa em rela
De olho nessa virada da imprensa e no crescimento do mercado jovem, a Zoomp fez um desfile para apresentar sua segunda linha, a Zapping, criada em 1991. Era 1992 e esse é considerado o marco zero da nova era da moda brasileira. Até porque, naquele ano, o país voltava a crescer, superando um período de sete anos de queda do PIB per capta e uma inflação que passara de menos de 100% para mais de 1.000% ao ano.