Camargo Alfaiataria Revela a Coleção Evolution 2024

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  Desfile, dia 22 de abril, marca a apresentação da coleção, com mais de 50 looks, em ternos bem cortados, macacão em alfaiataria, malhas ajustadas, peças aerodinâmicas e recortes que permitem respirabilidade. Imagens: Divulgação     No cenário da moda masculina, a Camargo Alfaiataria se destaca mais uma vez com o lançamento da coleção Evolution 2024. Com desfile de mais de 50 looks, ele não só promete ser um espetáculo visual na passarela de 60 metros, mas também estará acessível globalmente via transmissão ao vivo no YouTube e no Instagram, destacando o compromisso da marca com a acessibilidade e a inovação digital.   A essência da coleção Evolution 2024 centra-se na figura do homem contemporâneo, que é ao mesmo tempo criador e consumidor de beleza e inovação. Inspirando-se em esportes que representam a velocidade e a superação, como motovelocidade e automobilismo, cada peça reflete uma fusão entre funcionalidade e estética, projetada para empoderar o homem moderno em sua

MECANISMO DA MODA

O MECANISMO INDUSTRIAL DA MODA


A Segunda Guerra Mundial demandou esforço de otimização da produção industrial. Nos E.U.A o desenvolvimento da tecnologia da confecção iniciou-se em 1930 com o ready to wear (pronto para vestir), traduzido ao prêt-à-porter pelos empresários franceses Jean-Claude Weill e Albert Lempereur em 1948.

Quando a idéia de coordenação da cadeia têxtil se desenvolveu, as tendências foram concebidas como “redutores de incerteza” para a indústria. O prét-à-porter trazia o diferencial do estilo, da grife, da roupa com assinatura, para a produção em série. Surgiu um novo profissional: o estilista industrial. Esse profissional não assina suas criações, mas adapta as tendências ao estilo da empresa para a qual trabalha. Surgem a consultora de moda, os birôs de estilo, os salões profissionais, enfim, monta-se o mecanismo industrial da moda.




O ESPÍRITO DO TEMPO


O século XX trouxe profundas mudanças na forma de produção das mercadorias. Os produtos das “artes aplicadas” (interiores, objetos, jóias, roupas) refletem um “espírito do tempo”, definido em função de uma mentalidade, de uma visão de mundo e de um modo de vida dominantes, de um comportamento social.

O conceito de “espírito de tempo” origina-se do alemão Zeitgeist e atualmente a expressão adquire dois sentidos:

• No uso coloquial utilizado pela imprensa expressa o contemporâneo o que é considerado “moderno”.

• No uso culto, dentro das ciências sociais identifica o clima geral intelectual, moral e cultural, predominante em uma determinada época.

As diversas manifestações da moda e o grau de desenvolvimento tecnológico de uma época são fatores decisivos para o desenho dos traços e dos contornos que definem o “espírito” de um tempo.

Numa retrospectiva, identificamos traços comuns em três esfera: na arquitetura (especialmente a decoração de interiores), no design de objetos e na roupa. As influências psicológicas que guiam a moda devem também afetar os estilos de construção e decoração, o “espírito do tempo” se manifesta por intermédio da moda.

O trimônio casa-objeto-roupa converte-se na evidência formal mais óbvia, quando se procura caracterizar, de modo retrospectivo, o modo de vida de uma sociedade em dado período histórico, uma vez que são facilmente identificáveis os traços estéticos comuns a essas três esferas.

A indústria da moda se tornou ao longo dos anos 1990, o principal pólo emissor de tendências estéticas para outros setores industriais, que compreenderam a sua eficácia para a aceleração do consumo. Dois fatores contribuem para essa realidade: o peso do marketing e a globalização propiciando a adoção de um estilo de vida altamente padronizado.

Entre a infinidade de objetos produzidos pelo século XX, um deles assumiu papel de destaque, seja pelas mudanças físicas que propiciou, seja pela importância central de sua cadeia produtiva, no quadro do capitalismo industrial: o automóvel.

Compondo com o trimônio casa-objeto-roupa, o automóvel tem sido o quarto elemento na definição de um “estilo de década” à partir de 1920, década em que o Ford T preto repercute a modernidade no design e na moda por Chanel, com seus tailleurs em jérsei e seu “pretinho” associando-se na época como o “Ford de Chanel”. A indústria da moda toma a dianteira em termo de definir direções que vão orientar estratégias de marketing.

Além das cores, o caso das formas também é notável, nos anos 1990, desenhos arredondados eram predominantes entre os novos carros populares brasileiros: os modelos Pálio da Fiat, o Corsa da Chevrolet e o Fiesta da Ford, todos com grandes faróis lembrando olhos de insetos, remetendo aos óculos “olhos-de-mosca” disseminados pelo estilo da cultura tecno no ano 2000. A vedete do salão do automóvel de São Paulo foi a perua PT Cruiser lançada pela Chrysler, inspirado nos anos 1930, 1940 e a marca de moda italiana Prada escolheu a década de 1940 para ser revisitada por suas linhas de prêt-à-porter e acessórios, confirmando o ar retro do estilo do começo do terceiro milênio.

Tendências de consumo criadas a partir de diversos pólos, como a indústria automobilística, o sistema do design e o da moda, dialogam entre si e reforçam-se mutuamente. A organização dos salões franceses de moda e decoração lançam a operação “Paris, capital da criação” em 2003, concentrando nas mesmas datas, todos os principais salões profissionais desses setores, acentuando suas influências recíprocas e o poder de prescrição internacional das próprias empresas francesas.

Trabalhar com tendências e fazer previsões pode ser valorizar pontos de vista específicos para projetá-los no futuro. A empresa moderna suplanta as diferenças da concorrência para agir em convergência com outros setores industriais, projetando e construindo as próximas etapas do consumo, por meio de propostas (tendências) comuns e coordenadas. Uma estratégia de convencimento para o novo consumidor, mais crítico, independente, exigente e mais assediado, com maior possibilidade de escolha.

Entre as causas que favorecem a moda na formação do “espírito do tempo” é a prevalência do corpo na cultura contemporânea à partir dos anos 1980. Na criação de moda, em design ou em arquitetura, o corpo e suas exigências são tomados de forma idealizada e não como ponto de partida para um projeto.

Nessa busca pelo funcional, prático, simples e confortável, a indústria têxtil deu passos definitivos. Nada está mais perto do corpo do que a roupa, nenhum outro material adapta-se tão bem a ele quanto o tecido. A pesquisa e o desenvolvimento de materiais têxteis resultaram em novas misturas de fibras, em composições que geram aspectos inusitados e que extraem o melhor de matérias-primas naturais, artificiais e sintéticas.

A conscientização do indivíduo em relação ao seu próprio corpo foi fundamental para essa notável simplificação da moda ao longo do último século.

O corpo ocupa uma tal centralidade na vida e no imaginário contemporâneos, que houve uma reversão da relação entre moda e corpo: antes, a roupa moldava as formas que se desejavam obter; agora, é preciso “obter-se um corpo”, cujas formas oscilam ao sabor das modas, e vesti-lo em consonância. Para corpos perfeitos, menos roupa e mais exibição da forma física.

Os elementos da década de 1980 passaram a ser sistematicamente relidos: o disco de vinil, a logomania, as cores flúor, os ombros quadrados, o comprimento míni, o brinquedo Lego, o design da marca italiana Memphis, o The Cure e as outras bandas do período e a mania pelo jeans (em baixa nos anos 1990).

Anos 1990: a abertura de mercado brasileiro, a chegada de lojas, marcas e produtos internacionais ao País, com as facilidades para importação, o aumento de viagens ao exterior, tudo isso, ao mesmo tempo em que a moda e o design viviam o seu grande boom, acabou, de modo benéfico, induzindo marcas, estilistas, criadores e designers nacionais a se repensarem rapidamente. Afinal, o concorrente deixava de estar do outro lado do mundo, para vir situar-se exatamente do outro lado da rua.




O FUNCIONAMENTO DAS TENDÊNCIAS DE MODA


Moda, mudanças cíclicas do vestir e da aparência. Modas, fenômeno de mudança nos padrões vigentes em qualquer esfera.

“Novas modas” deixou de ser uma característica exclusiva do universo da aparência para tornar-se o paradigma dominante da sociedade pós-industrial.

As tendências sazonais da moda tornaram-se referência para diversos setores industriais: principalmente o de beleza (cosméticos e perfumaria). Outros segmentos de atividades, de olho nessa exaltação da estética promovida pelos tempos atuais, procuram associar a sua imagem à da moda. Exemplo na publicidade e marketing: as companhias de telefonia celular investem pesadamente numa imagem “fashion”, patrocinando eventos de moda.

Mas de que forma as tendências surgem ? De onde vêm e como funcionam ?

Buscando nas ciências naturais os modelos para explicar o que ocorre com o comportamento social, grande parte dos estudos considerados clássicos sobre a moda tentou explicar como a tendência é produzida, criando modelos sobre o seu modo de propagação pelo tecido social, uma vez que moda é difusão.

Entre os mais recorrentes, está o mecanismo chamado de trickle effect e as categorias de líderes e seguidores, no processo de difusão.

O trickle effect, efeito de gotejamento, explica a difusão em si. Novos fenômenos de moda criados à partir do topo da pirâmide social alastram-se por meio daquilo que conhecemos como efeito cascata sobre as classes sociais subalternas, pela imitação ou em busca de identificação com as camadas superiores, no nível psicológico.

Num estudo de Ryan e Gross, considerado clássico pela sociologia norte-americana e realizado por volta de 1930, concluiu pela existência de categorias, que acabam desenhando uma espécie de “pirâmide da inovação”:

• os “inovadores”, que adotam imediatamente a novidade;

• os “seguidores precoces”, que vêm logo em seguida;

• a maioria, dividida em precoce e retardatária;

• e os atrasados.

Estudos do comportamento coletivo (Collective Behaviour) tentam desvendar como se criam, difundem e funcionam fenômenos comportamentais que atingem as massas e multidões. A moda, o boom, as “coqueluches” e o pânico, são fenômenos que podem ser explicados com o mesmo esquema de base, composto pelas seguintes fases ou momentos:

1. propensão

2. tensão

3. crença generalizada

4. fatores de precipitação e de transformação da crença genérica em crença específica

5. cristalização e difusão de uma crença específica.

Nesse esquema, a tendência corresponde ao primeiro momento, à propensão. Sem propensão não há tendência, ela só pode existir se houver uma predisposição dos indivíduos à crença naquilo que ela representa.

O esquema explicativo mais recorrente sobre a moda:

Industrias das fiações, tecelagens, confecções, especialistas e outros, trocam informações para diminuir riscos. São consultados comitês de cores internacionais, birôs de estilo e tendências, salões profissionais, estabelecendo padrões que serão mais ou menos seguidos pelos produtores.

O sistema conta com o apoio de uma divulgação eficiente pela mídia especializada e a adesão do varejo, permitindo a previsão do que será moda num tempo de uma a quatro estações.

Por transformar incertezas em certezas, pelo fascínio com relação ao futuro, às tendências de modo geral e pela própria generalização da moda como fato cultural central da sensibilidade pós-moderna, o princípio das tendências acabou se difundindo para outros setores industriais. O marketing fez do sistema da moda um modelo de gestão e controle do lançamento de produtos, serviços e bens culturais.

Todo tipo de abordagem que envolva o conceito de tendência é uma proposta de construção ou visão do futuro. Do mesmo modo que o organismo dá sinais de cansaço, que a natureza dá sinais de tempestade ou que o indivíduo sinaliza suas emoções e pensamentos mais escondidos por meio de seu comportamento, também as correntes socioculturais e a evolução dos valores, que desenham o “espírito do tempo”, são detectáveis e “antecipáveis”, por meio dos sinais emitidos pelas diversas esferas da cultura.

Em termos práticos, é preciso trabalhar com os sinais de moda à construir hipóteses de trabalho. O profissional das tendências deve incorporar conceitos e posicionamentos metodológicos que darão uma outra dimensão à sua prática, como os de filtro, interpretação, construção de narrativa e produção de sentido.

O modo de vestir-se e o modo de decorar ambiente desempenham papéis diversos na decifração do comportamento.

O mercado e a competição impõem a busca por diferenciação para fazer face à mesmice reinante, o peso crescente do fenômeno “marca” com o alcance global de marcas fortes em todos os segmentos, a internacionalização da distribuição, o consumidor mais consciente e informado, a necessidade de pesquisa para o investimento na identidade própria, para o resgate das qualidades específicas e dos valores locais.

Em termos psicológicos, o “espírito do tempo” pós-moderno passou a privilegiar a personalidade, as características que o outro reconhece em nós, subestimando o self (o “eu profundo). Ao contrário, é preciso equilibrar o self e a personalidade, isto é, a identidade e a imagem. Nenhuma imagem artificialmente construída pode manter-se sem base, empresas e marcas devem submeter-se a um check-up para diagnosticar os elementos fundadores de sua identidade e de sua personalidade, entendidas como estratégias de posicionamento no mercado.

Uma das mais fortes tendências atuais nas corporações é o aumento do fluxo de investimentos no campo que se tem chamado de “gestão do conhecimento”. Investir cada vez mais na pesquisa estratégica e na formação continuada dos empregados, assegurando o domínio sobre as informações das quais dependem as suas atividades e por reconhecer que o capital humano é a principal força da empresa preocupada com o futuro. Sinais da busca por uma nova síntese, da superação da oposição ultrapassada entre universos acadêmico e empresarial, entre a reflexão, a pesquisa e o mercado.

É preciso investir na originalidade e no risco, que só o pensamento crítico pode trazer. O intelectual torna-se um inestimável parceiro das organizações: ele tem a liberdade de estabelecer pontes, de relacionar as coisas (forma essencial de produção de sentido), de filtrar conteúdos e de interpretar a cultura.

A inovação é uma das novas obsessões contemporâneas e inovações verdadeiras, de design nacional, foram introduzidas. Ex: nos ônibus interestaduais muito mais confortáveis. A partir de um trabalho meticuloso sobre o comportamento dos usuários, foi desenvolvido uma prancha oblíqua para o descanso das pernas em cada poltrona que se liga ao assento, a cabine do motorista ficou separada e é uma idéia que foi adotada por vários países.

Para a obtenção de resultados inovadores, é imperativo buscar instrumentos de pesquisa mais criativos para captar nuanças dos comportamentos e sensibilidades.

A Volvo, indústria sueca de automóveis, organiza descontraídas festas no campo para o lançamento de um novo modelo, em que os carros exemplares ficam à disposição. Observados por profissionais, os comentários e as atitudes das pessoas em relação aos veículos fornecem informações que dificilmente seriam conseguidas nas situações criadas “em laboratório”.

Um dos instrumentos mais criativos postos em prática é a pesquisa de campo de observação participante, em que o pesquisador é levado a viver um determinado período de tempo com o pesquisado e a agir, pensar compartilhar dos valores e da cultura do objeto de estudo.

Da antropologia social provém mais um instrumento metodológico: a análise de discurso, um conjunto de técnicas que permite penetrar em profundidade nas formas como o sujeito expressa uma visão de mundo e é obtida a partir de uma entrevista em profundidade, permitindo desvendar as representações sociais que estão por trás da fala do sujeito.

Metodologia de pesquisa e de informação para o setor de confecção ainda está calcada no conceito de tendência como denominador comum das coleções prêt-à-porter internacional, o que só interessa aos países centrais.

A informação internacional é imprescindível para contextualizar coleções e produtos dentro da realidade de um mercado cada vez mais globalizado. É preciso acrescentar postura crítica e visão estratégica de longe alcance.

Um observatório de tendências voltado para o consumidor não pode ter preconceitos, nem filtrar a informação por Paris ou Nova York. Se a experiência urbana em cidades-chave não pode ser substituída, simplesmente porque a metrópole é a grande protagonista da História, no começo do 3º milênio, não se pode esquecer que o novo pode emergir de qualquer outra como São Paulo ou Tóquio.

Viagens de pesquisa profissional é um instrumento metodológico que ativa os sentidos e os neurônios, por meio do distanciamento do nosso dia-a-dia e do contraste com outras realidades. É preciso definir os objetivos, organizar, preparar suas etapas e trabalhar sobre o material coletado, utilizando-se de técnicas como a anotação sistemática ou a monitoração da mídia local.

Tendências de fundo são aquelas que influenciam o social por longos períodos de tempo e tendências de ciclo curto identificam-se com os fenômenos passageiros de moda. Toda tendência provoca uma contratendência, que é a manifestação de forças no sentido oposto e complementar. Podemos abstrair duas regras para observação entre as tendências:

• DRICRONIA, que é a alternância entre opostos ao logo do tempo. Ex: Se hoje o gosto predominante é pelo colorido, amanhã será “talvez” do preto-e-branco.

• SINCRONIA, simultaneidade, a coexistência dos contrários, é o que faz com que tendência e contratendência encontrem um equilíbrio dinâmico num sistema de fluxos, supondo continuidade no tempo.

• CONVERGÊNCIA, uma espécie de força que faz convergirem sinais, tendências, objetos dos mais diversos setores para a mesma estética, facilitando a identificação de pontes imaginárias entre eles. É tendência de fundo e característica geral do funcionamento das tendências, no atual quadro sociocultural. Ex: A indústria de alta tecnologia com a indústria moveleira, por meio da qual, móveis e telas planas com diversas funções, tendem a dialogar cada vez mais freqüentemente. As indústrias alimentícias e têxteis interagem com a indústria cosmética (líquidos que se aplicam sobre a pele ou se bebem, indiferentemente; sutiãs hidratantes)

Nesse contexto, vetor é um termo emprestado da física que significa cada uma das forças que apontam ou prescrevem tendências, fenômenos de moda e de consumo e devem ser definidos em cada caso concreto, de acordo com o objeto da pesquisa. Ex: Mídia (grande imprensa / imprensa especializada / imprensa profissional, etc). a dinâmica entre essas forças constrói uma resultante ou define o alcance e o poder de uma tendência.

A tendência é a mensagem, o pólo emissor de um sinal é o que chamamos de vetor de tendência, que emite a mensagem; o indivíduo / consumidor é o pólo receptor.

A tendência é a mensagem; o pólo emissor de um sinal, o que chamamos de vetor de tendência, que emite a mensagem e o indivíduo/consumidor é o pólo receptor.

Possuir um nome registrado, um logo e pontos-de-venda não configura necessariamente “ter uma marca”, ela só passa a existir quando ocupa um espaço definido no imaginário do consumidor, em termos de posicionamento.

Quem prescreve a tendência ? Do que se está falando ? Para quem se está falando ?

Essas três perguntas combinadas devem fornecer pistas para o entendimento dos sinais e do fenômeno da tendência como processo comunicativo de mão dupla, procurando identificar influências recíprocas entre o pólo emissor e o receptor, sem privilegiar um deles.




REITERAÇÃO E PONTES DE SENTIDO



Reiteração

É outro conceito oriundo da teoria da comunicação, uma das formas de produção de fenômenos de moda, por meio da acentuação de significados. Uma das regras básicas para a observação e captura de sinais relevantes que está na base dessa acentuação de significados e que é uma das formas mais eficazes de transmitir uma mensagem ao receptor, construindo um forte apelo para que o consumidor creia na mensagem.


Pontes de Sentido

O princípio da reiteração deve ser utilizado para a observação de sinais, ampliando-se o campo de observação para diferentes esferas. O estabelecimento de pontes entre sinais congruentes, captados em diversas esferas do comportamento e do consumo, que produz novos sentidos.

Identificar, descrever e acompanhar as mutações das tendências de fundo, dos valores e dos comportamentos, torna-se uma das formas de conferir sentido e de abarcar a complexidade da cultura contemporânea.

A segmentação por valores, uma das formas atuais de posicionar marcas e produtos torna-se essencial no momento em que a lógica do consumo não pode mais ser apreendida apenas por critérios socioeconômicos.

É preciso ir além das “razões de mercado” e fazer apelo a um outro nível de entendimento, que passa pela compreensão dos gostos, dos comportamentos e dos valores. Nesse contexto, marca forte é aquela que ocupa um lugar determinado no imaginário do consumidor, que nela reconhece qualidades intrínsecas, associadas a valores, conseguem transpor limites de renda ou idade, pois consumidores de todos os pontos do espectro social a elas recorrem quando querem consumir aquilo que elas representam.

O conjunto de procedimentos metodológicos funciona através da detecção, observação e interpretação.

O mapa de tendências segue o seguinte percurso: avaliação do cenário sociopolítico-econômico; revisão das sensibilidades dominantes no período imediatamente anterior; sinais do comportamento; sinais da esfera do consumo; chaves interpretativas e recomendações.

Um quadro recessivo para a economia mundial, de certo modo traumatizada em função dos acontecimentos posteriores ao 11 de setembro de 2001. Em 2003 desenhou-se um cenário bastante sombrio, sob o signo da insegurança e do medo.

Essa nova queda, 12 anos depois da queda do Muro de Berlin, vem apenas confirmar que a nova ordem mundial ainda não acabou de se desenhar: os lugares, reais ou imaginários, estão em processo de reacomodação, como evidencia, aliás, a mudança de lugar do poder cristalizado pelo “império norte-americano” na percepção das pessoas, principalmente os habitantes do Sul.

A influência mais forte que se anuncia é o rock, em detrimento do predomínio atual da música eletrônica e de sua cultura. Recupera-se o grunge, movimento forte e original do início dos anos 1990, um movimento híbrido, do ponto de vista estilístico, tendo mesclado elementos de fontes díspares, entre a revolta e o mal-estar na civilização, próprios do movimento punk, e um abandono de si, sobretudo no nível da aparência, característico dos hippies.

Os anos 1990 também foram marcados pelo fenômeno conhecido como minimalismo, conceito estético criado muito antes e que quer dizer, obter ao máximo de efeito com o mínimo de elementos, uma obsessão pela restrição.

Essencialismo, ao contrário, quer dizer cultivar o que é necessário e indispensável, não priorizando o efeito que se possa obter, mas sim os aspectos que digam respeito à natureza mesma das coisas, das pessoas, da vida. Nesse sentido, a idéia de ecologia como equilíbrio aplica-se aos universos da aparência e do consumo: ecologia da aparência, ecologia do consumo.

O cenário sociopolítico-econômico desenhado confirmou-se em sua totalidade. A estagnação econômica foi maior do que a esperada.

Os sentimentos de pessimismo e medo, em função dos indicadores econômicos e do desemprego, continuaram assombrando o País, a guerra no Iraque e a continuidade dos ataques terroristas no mundo.

Entre as propostas de moda apresentadas em janeiro de 2003, nos desfiles de São Paulo e Rio de Janeiro, o vocabulário grunge atualizado foi referência reiterada pela mídia especializada. O neoconstrutivismo manifesta-se sob a forma de um interesse redobrado pelo diálogo entre arquitetura e moda.

O rock voltou a ser apresentado como a principal influência estética sobre o comportamento jovem e um abandono paulatino dos referenciais tecno, banalizados, foram notados pela mídia especializada, a partir do final de 2003.




DESIGN E IDENTIDADE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO


Procurando ampliar os caminhos, foi lançado um conjunto de estratégias que aliam governo e empresários com o objetivo de incrementar o comércio exterior em quantidade, mas sobretudo, em qualidade, incentivando a exportação de produtos manufaturados: a Marca Brasil.

O design é percebido como um diferencial que deve ser desenvolvido, por sua capacidade de agregar valor aos produtos e às marcas brasileiras.

O design é uma linguagem da cultura contemporânea que pode criar a diferença. Assim, percebe-se que o investimento em design é importante para a própria identidade cultural de um povo, e que ele passa a ser fundamental, virtualmente, para todos os produtos, ambientes e serviços.

Design, que é um conjunto de ações organizadas em etapas que se encadeiam, com o objetivo de construir um determinado produto a partir de algum tipo de planejamento, foi assimilado a partir da Revolução Industrial. Design industrial passou a identificar o conjunto de artefatos e informações, produzidos industrialmente, por meio da reprodução seriada de matrizes, em média ou larga escala. No entanto, o termo também pode estar associado a atividades artesanais, a um fazer manual e não-industrializado.

O surgimento de jovens designers como realizadores autônomos de seus projetos, buscando novas propostas formais, um olhar mais atento ao “espírito do tempo” resultou entre outras características, na original união do artesanal e do industrial.

Investimento geralmente representa de 3% a 10% do total dos custos, no desenvolvimento de um produto, gerando um retorno de 20% a 30% maior.

As manifestações do design brasileiro ocupam um espaço crescente na mídia. Proliferam pelo País eventos de grande porte no segmento “arquitetura e interiores”, correspondentes aos desfiles de moda em termos de movimentação e de investimentos. O design gera seus nomes incontornáveis, brasileiros destacam-se no exterior e são contratados por firmas internacionais. A classe média entrega-se ao consumo de objetos-design, mesmo que a funcionalidade nem sempre seja o mais importante. Os preceitos modernistas perdem-se nas entranhas dos planos de marketing, os novos senhores da “inovação”. Nos anos 1990, enquanto o sistema do design aproximava-se do sistema da moda, adotando o seu ritmo de mudança como paradigma, profissionais comprometidos com os valores de mudança social começavam a erguer suas vozes por um consumo ecológico e responsável, contra a obsessão pela forma e os excessos do design descolado da realidade.

Na virada do ano 2000, um grande amadurecimento da produção nacional (principalmente comparada àquela do início da década), com ganhos expressivos na qualidade das peças e do próprio design, já podia ser observado nas coleções de moda lançadas nos principais eventos do rio e de São Paulo.

A respeito de como olhar os artefatos culturais nacionais como referência para a criação, a arquiteta italiana naturalizada brasileira Lina Bo Bardi chamava a atenção para a necessidade de captar as “estruturas profundas” presentes nos objetos populares do artesanato para traduzi-las em novos materiais.

A questão da cor é sintomática de uma certa imagem que se faz ou se espera do Brasil, e de como, às vezes, procuramos nos adequar a ela, comprando estereótipos. O colorido é um dos atributos mais naturalmente associados à cultura brasileira.

Entre as iniciativas para favorecer a Marca Brasil no exterior, a promoção da moda nacional e o incentivo à constituição de consórcios de exportação têm representado papéis de destaque. A criação dos consórcios tem um alcance maior em termos sociais e de desenvolvimento efetivo para o País, caminhando na direção da formação de verdadeiros cluters, distritos em que se concentram, interconectam-se e complementam-se os diversos elos de uma cadeia produtiva e à semelhança do que ocorre na Itália, uma vez que algumas regiões brasileiras já apresentam características que as aproximam desse modelo, como Nova Friburgo (RJ) para a moda íntima, Limeira (SP) para as bijuterias e Novo Hamburgo (RS) para os calçados.

Num estudo qualitativo realizado pelo SENAC, discute a brasilidade nos negócios e sugere caminhos para o made in Brazil, um estudo sério, que envolveu nomes conhecidos dos setores concernentes e da intelectualidade brasileira. Nas análises sobre o artesanato e a indústria do lúdico, fornece informações valiosas sobre as qualidades desejáveis para produtos e serviços, sugerindo valores a serem incorporados (“energia”, “confiabilidade”, “generosidade”, “amabilidade”). Ex: que o produto brasileiro possa surpreender o consumidor por meio da generosidade, oferecendo a ele algo mais do que se espera.

A vontade de fugir dos estereótipos “para inglês ver” estão presentes em sinais fortes da cultura brasileira viva e atuante. As publicações sobre história do Brasil multiplicam-se e revistas sobre o assunto esgotam-se nas bancas de jornal. Nunca o brasileiro interessou-se tanto por si mesmo.

Um criador competente significa dominar em igual medida, um conhecimento amplo, uma cultura específica e ferramentas técnicas de produção e mercado.

Roupa e moda constituem dois extremos da mesma cadeia produtiva, aliás, cada vez mais próximos. Veja-se a construção de uma imagem de moda cada vez mais forte pelas grandes cadeias de varejo de confecções. Jovens criadores são contratados como estilistas por marcas industriais, desejosas de injetar criatividade mesmo nas peças ditas básicas. O consumidor de baixa renda, por sua vez, informado e influenciado pela mídia, quer preço, mas exige tendência. As ruas comerciais de venda por atacado, como no bairro do Bom retiro, em São Paulo, também procuram ter uma imagem de butique, mesmo preservando os preços populares. São todos sinais evidentes de que a distinção entre roupa e moda há muito deixou de ter lugar na cultura de consumo contemporânea.

A moda se define por essa constante tensão entre distinção e identificação, ou entre “fazer diferente” e “fazer igual”. É por isso que a imitação e a cópia faz parte da própria definição do fenômeno, no pólo da identificação com o outro.

A idéia de estilo, enfatiza o pólo da distinção, da afirmação da individualidade e da perenidade no tempo. Moda supõe sempre um plural, um coletivo.

Desde o seu surgimento na história, a moda já vem carregada de uma inseparável vocação por fazer-se internacional. A Itália, pátria da moda como a conhecemos hoje, mais precisamente, as cidades-estado do Norte italiano, é o primeiro referencial internacional de moda. A corte espanhola teve seu período de apogeu no século XVI, mas a França assume essa posição a partir do século XVII. Embora a corte francesa, instalada no Palácio de Versalhes, tenha sido o espelho das outras monarquias absolutistas européias, foi a cidade de Paris que concentrou, de modo excepcional, os atributos de elegância e refinamento que servirão de modelo para o resto do mundo nas questões de moda. A supremacia parisiense confirmou-se, no século XIX, com a invenção da alta-costura, ao passo que Londres tornou-se o principal centro da elegância masculina.

O sistema da moda exigiu atenção permanente sobre o que acontece em seus principais centros, até por seu próprio modo de funcionamento.

Sintomas do desejo de moda se alastrou pela cultura contemporânea e pode ser explorado beneficamente pelo país que conseguir se impor sobre os demais como referência criativa, ocupando uma parte do espaço hoje habitado pelas capitais européias no imaginário ocidental.

As semanas de moda de São Paulo e do Rio de Janeiro consolidaram-se no mercado interno e ganham rapidamente, posição de destaque do ponto de vista internacional.

O consumo se aquece entre os jovens, as empresas dirigem suas estratégias de sedução para os públicos infantil e pré-adolescente, igualmente abertos ao consumo e ao novo, e agora com a característica de exercerem o seu poder de escolha de produtos cada vez mais precocemente. Os pontos-de-venda reestruturam-se para esses consumidores mirins dentro do universo estético deles, propondo novas soluções para problemas, como o ergonômico (altura de prateleiras, mobiliário, etc). As publicações dirigidas ao público teen (adolescente) e pré-teen (pré-adolescente) multiplicam-se. As marcas de luxo conhecem um incrível fenômeno de mania entre os jovens.

Hoje, Tóquio uma espécie de sucessora de Londres, no que diz respeito à força e ao apreço da juventude por fenômenos de moda e à influência internacional dos produtos da cultura jovem local.

“Espírito do tempo”, a forma de encarar a relação com as coisas que nos cercam. Há uma dimensão que importa especialmente para a gestão da marca e as estratégias de comunicação com o consumidor: o embate entre sedução e convencimento. A sedução é feita de encantamento e de fascínio, mas também de ilusão. O convencimento, ao contrário, apela para a razão e vence o outro pela persuasão dos argumentos.

Os líderes de mercado no século XXI serão aqueles que souberem transformar os trunfos proporcionados por cada cultura em vantagem competitiva de linguagem universal.




O SISTEMA DA MODA

A palavra-chave da nova filosofia empresarial do século XXI é a ampliação do conceito de qualidade. As características que orientam a qualidade do produto de moda começam na fase de criação, passando pelas etapas de confecção, acabamento e terminam na relação produto-consumidor, no uso diário.

No início do novo milênio, o efeito easy-care (fácil de lavar, tecnologia aplicada no sentido de tornar prática a lavagem e conservação dos tecidos, secam rapidamente e não precisam passar) e a durabilidade dos materiais foram os pontos mais pesquisados pelas novas tecnologias, bem como os tecidos inteligentes, com efeitos antiestresse, antibacterianos, antimanchas e térmicos.

Com a globalização dos mercados e a conseqüente situação de oferta maior que a procura, o consumidor escolhe a solução que melhor atende às suas necessidades, que melhor resolva seu problema, com a otimização da relação custo versus benefício.

O foco central de todo o projeto de produto deve ser a satisfação do cliente, através da criação e desenvolvimento de produtos que atendam às exigências e os desejos deste consumidor.

A indústria têxtil passou a trabalhar focalizada nos desejos dos consumidores e as pesquisas de mercado são ferramentas indispensáveis para desenvolvimento de novos produtos.

O primeiro passo em direção a autonomização da moda foi em 1960, com a criação da minissaia. Agora mais nenhum estilo consegue propagar-se imediatamente na rua, já que houve uma inversão da pirâmide da moda e a alta-costura não dita mais as regras das tendências de moda.

A união de vários setores da cadeia têxtil, em associações e instituições, e a profissionalização do setor, principalmente através da formação de designers de moda em cursos superiores, ajudou no reconhecimento internacional que a moda brasileira vem recebendo na mídia. As empresas brasileiras descobriram e estão investindo no potencial dos novos designers de moda.

O conhecimento do consumidor brasileiro mudou nos últimos anos. O acesso a novos meios de informações, mais ágeis e constantes, como TV a cabo e internet, fez e está fazendo com que ocorram mudanças no mercado de consumo.

A Moda compreende mudanças sociológicas, psicológicas e estéticas, intrínsecas à arquitetura, às artes visuais, à música, à religião, à política, à literatura, à perspectiva filosófica, à decoração e ao vestuário. Utiliza-se o termo Moda, no sentido mais conhecido, como variável das modificações sazonais das roupas. As mudanças da moda dependem da cultura e das transformações dos ideais de uma época.

A Moda torna-se um artifício (elemento decorativo, um modo de tornar a vida mais bela, a utilização do que é aparente) e nasceu do aperfeiçoamento da indústria. Propõe simbologia visual que transmite a idéia ou a sensação que o usuário deseja comunicar ao espectador naquele instante, e se modifica com os fundamentos culturais de cada época vivida pela humanidade.

É fundamental que os estilistas de moda pesquisem as correntes estéticas do consumidor, prevendo em que direção se deslocarão, elaborando produtos que atendam à estas exigências, uma vez que o trabalho destes profissionais é traduzir idéias, sonhos em termos práticos da produção industrial.





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