SPFW N58: Sete dias de "brasilidade" na passarela
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Tivemos locações icônicas, a exemplo do Museu do Ipiranga. Foto: Divulgação
Que a edição 58 do SPFW foi tirar o fôlego, isso todos nós já sabemos. Tivemos locações icônicas, a exemplo do Museu do Ipiranga que foi palco para o desfile do talentoso Gustavo Silvestre, que trouxe muito crochê nordestino, para a passarela. Os jeans marcaram presença no desfile da Amapô, com modelagens largas e patchwork dos tecidos em várias lavagens.
Na passarela, foram vistos vários tipos de tecidos diferentes, saias balonê, renda, jeans, tecidos sintéticos, transparência, flores, muito brilho, pedraria em muita peça bordada à mão. Tendências estas, que logo menos veremos nas ruas do país.
Além disso, teve peças com tecnologia, como o desfile da Artemisi, trazendo uma proposta fashion e futurista. Muita alfaiataria e seda, no entanto, o que mais pudemos ver, foi a exaltação da nossa "brasilidade".
Com certeza, esta foi a edição onde pudemos enxergar a valorização do trabalho de pessoas no Norte e do Nordeste do país. Sabiamente, marcas como Normando, que trouxe em suas peças elementos do Pará, da floresta, com vestidos de árvores na passarela e tops em formato do mapa do Brasil, que nos trouxe uma interpretação urbana e sofisticada da cultura paraense.
Além disso, o estilista cearense David Lee, apostou também no trabalho manual de crochê e rendas do Nordeste. A região foi representada ainda pela grife baiana Dendezeiro, com a coleção "Brasiliano: Filhos do Sol". A Catarina Nina que trouxe consigo, uma coleção carregada do crochê cearense, ancestralidade traduzida através da moda, em sua coleção denominada: Herdeiros do Futuro.
O ponto é que edições de SPFW deste tipo, como foi a 58, tem um viés disruptivo quando valoriza, para todo mundo ver, os nossos artesãos. São movimentos como esse que coloca o fim na crença errônea de que o trabalho manual merece menos reconhecimento ou valor. Pelo contrário, fortalece a cultura do nosso povo, o nosso jeito de fazer as coisas, os nossos ancestrais e acima de tudo, valoriza o trabalho feito à mão.
Não restam dúvidas de que a edição 58 do SPFW foi marcada por desfiles belíssimos em celebração da moda brasileira e suas referências. Não só pela moda em si, mas por todo propósito e riqueza de conteúdo, e manifestações, que cada desfile nos presenteou. Restou claro que aqui não só ditamos tendências, mas também mesclamos moda com cultura, propósitos e interesse social.
Exaltar as referências brasileiras, além de render muito tema e inspiração para campanhas e editoriais de moda, também é um caminho assertivo a percorrer, já que nada é mais autêntico do que valorizar todas as nossas raízes. É esse o elemento o que nos torna únicos e que pode nos posicionar no mundo moda como umas de suas referências.