Nascida em Saumur, França, em 19 de agosto de 1883, Chanel chegou a Paris aos 16 anos. Logo conheceu o milionário criador de cavalos, Etienne Balsam, de quem tornou-se amante. Mais tarde, em 1910, conseguiu, com ajuda de amigos e do próprio Balsam, abrir sua primeira loja, onde vendia chapéus.
A família de Gabrielle era muito numerosa: tinha quatro irmãos (dois meninos e duas meninas). O pai, Albert Chanel, era feirante e a mãe, Jeanne Devolle, era doméstica. Depois da morte precoce da mãe, que faleceu de tuberculose, o pai de Chanel ficou com a responsabilidade de tomar conta das crianças. Devido à profissão de seu pai, Coco e as irmãs foram educadas num colégio interno o Colégio Nossa Senhora da Misericórdia, enquanto que os irmãos foram trabalhar numa quinta.
Aos 18 anos ela encontrou sua prima, que com a mesma idade tinha a mesma ambição de fugir do internato. Com êxito em 1903 ela trabalhou como costureira em uma loja de enxovais. Acerca de 1907-1908, em uma noite quando sai com sua prima ela se põe a cantar e começa a sonhar com o music hall. Seu apelido deve-se à uma música que cantava com sua irmã, porque cantava "Quem viu Coco no Trocadero?" ("Qui qu'a vu Coco dans l'Trocadéro?").
Em 1903, com vinte anos, Gabrielle saiu do colégio e tentou procurar emprego na área do comércio e da dança (como bailarina) e também fez tentativas no teatro, onde raramente teve grandes papéis devido à sua estatura.
Com sua silhueta, ela atrai e passa a viver com Etienne Balsan (1880-1953), que foi um socialite e herdeiro de uma famosa fábrica de tecidos que na época fabricava o uniforme do exército. Ele era criador dos melhores cavalos da França, mas o romance só dura alguns meses, ao perceber que ele não a amava mais.
Por volta de 1910, na capital parisiense, Coco conheceu o grande amor da sua vida: o milionário inglês Arthur Capel. Capel ajudou-a a abrir a sua primeira loja de chapéus. A loja Chanel iria tornar-se num sucesso e apareceria nas revistas de moda mais famosas de Paris. Com este relacionamento, Chanel aprendeu a frequentar o meio sofisticado da Cidade Luz.
Capel meses mais tarde morreu num desastre de carro. Com este desgosto, Chanel abriu a primeira casa de costura, comercializando também chapéus. Nessa mesma casa, começou a vender roupas desportivas para ir à praia e para montar a cavalo. Pioneira, também inventou as primeiras calças femininas.
Em 1916, ela introduziu na alta-costura o jérsei de malha, os trajes de tecidos xadrez e a moda escocesa, com blusas de malha fina, as calças boca-de-sino, as jaquetas curtas e os casacos cruzados na frente e acinturados em estilo militar.
Para a noite, Chanel criou vestidos em negro metálico, vermelho escarlate ou bege. Laços e paetês eram os únicos enfeites e não impediam que as mulheres se movimentassem com rapidez, ágeis como pedia a estética de um século onde tudo se tornava automatizado.
No início dos anos 20, Chanel conheceu e apaixonou-se por um príncipe russo pobre, Dmitri Pavlovich, que tinha fugido com a sua família da Rússia, então União Soviética. A sua relação com Paulovitch a fez desenhar roupas com bordados do folclore russo e, para isso, contratou 20 bordadeiras. Neste período, Chanel conheceu muitos artistas importantes, tais como Pablo Picasso, Luchino Visconti e Greta Garbo.
Sua roupas vestiram as grandes atrizes de Hollywood, e seu estilo ditava moda em todo o mundo. Além de confecções próprias, desenvolveu perfumes com sua marca. Os seus tailleurs são referência até hoje.
Em 1921, criou o perfume de cocô que a iria converter numa grande celebridade por todo mundo, o cocô Nº 5. O nome referia-se ao seu algarismo da sorte. Depois deste perfume, veio o nº17, mas este não teve o mesmo êxito que o nº5.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Chanel fechou a casa e envolveu-se romanticamente com um oficial alemão. Reabriu-a em 1954.
No final da guerra, os franceses conceituaram este romance mal e deixaram de frequentar a sua casa. Nesta década, Chanel teve portanto dificuldades financeiras. Para manter a casa aberta, Chanel começou a vender suas roupas para o outro lado do Atlântico, passando a residir na Suíça.
Devido à morte do ex-presidente norte-americano John Kennedy e à admiração da ex-primeira-dama Jackie Kennedy por Chanel, ela começou a aparecer nas revistas de moda com a criação dos seus tailleurs (casacos, fato e sapatos). Depois voltou a residir na França.
Faleceu no Hôtel Ritz Paris em 1971, onde viveu por anos. O seu funeral foi assistido por centenas de pessoas que levaram as suas roupas em sinal de homenagem.
O filme "Coco antes de Chanel" retrata a biografia da estilista, com a também francesa Audrey Tautou representando-a.
Com estilo e elegância, Gabrielle "Coco" Chanel revolucionou a década de 20, libertando a mulher dos trajes desconfortáveis e rígidos do final do século 19. Um verdadeiro mito, Chanel reproduziu sua própria imagem, a mulher do século 20, independente, bem-sucedida, com personalidade e estilo.
O estilista alemão Karl Lagerfeld é, desde 1983, o diretor de criação da marca Chanel, tanto para a linha de alta-costura quanto para a de prêt-à-porter. O estilo clássico criado por mademoiselle, revitalizado por Lagerfeld, atravessou o século 20 e se tornou atemporal.
"Eu criei um estilo para um mundo inteiro. Vê-se em todas as lojas "estilo Chanel". Não há nada que se assemelhe. Sou escrava do meu estilo. Um estilo não sai da moda; Chanel não sai da moda." Coco Chanel
Símbolo de status
A bolsa com alças de corrente dourada, o colar de pérolas, o tailleur e o vestido preto são os símbolos de elegância e status que marcaram para sempre a história da moda. Mas foi o seu perfume, o Chanel nº 5 - tido como o mais vendido no mundo -, que a tornou milionária.
O perfume foi criado em 1921 por Ernest Beaux a pedido de Gabrielle Chanel, que sugeriu: "Um perfume de mulher com cheiro de mulher". Dentro de um frasco art déco - que foi incorporado à coleção permanente do Museu de Arte Moderna de Nova York em 1959 -, o Chanel nº 5 foi o primeiro perfume sintético a levar o nome de um estilista.
Foi também noiva do herdeiro inglês do carvão Arthur Capel, que a ajudou a abrir sua segunda loja em Deauville, na época um centro elegante da França. Capel morreu em 1924, vítima de um acidente automobilístico. Em 1925, Chanel iniciou uma estreita amizade com o duque de Westminster, que a situou no mais alto escalão da aristocracia parisiense. Amiga também do compositor Stravinski - o qual se apaixonou por ela -, o coreógrafo Diaghilev, a bailarina Isadora Duncan, os artistas Jean Cocteau, Picasso, Salvador Dalí e outros igualmente célebres, Chanel esteve sempre ligada às principais correntes artísticas da primeira metade do século 20.
Chanel libertou a mulher das faixas e cintas, dos corpetes apertados, das saias amplas de múltiplos babados e franzidos do fim do século 19 e começo do século 20.
O vestido negro, simples, com gola e mangas largas e punhos, a jaqueta de corte reto e a saia simples foram inovações da estilista. O nascimento do chamado "pretinho básico" data de 1926, quando uma ilustração na revista "Vogue" mostrava o vestido desenhado por Chanel - o primeiro entre vários que iria produzir ao longo de sua carreira. Seus modelos simples, ao alcance da mulher de bom gosto e de poucos recursos, foram muito imitados e confeccionados em mais categorias de preços do que qualquer outra criação da alta-costura.
Foi ela também quem introduziu as falsas jóias ao mundo da moda. Chanel sempre gostou de usar muitos acessórios, como colares de correntes ou pérolas de várias voltas.
Em 1939, no início da Segunda Guerra, a estilista decidiu fechar suas lojas. Ela acreditava que não era uma época para a moda. Mudou-se para o hotel Ritz e conheceu o alemão Hans Dincklage, espião nazista, de quem tornou-se amante.
Em 1945, foi para a Suíça, voltando a Paris somente em 1954, ano em que também retornou ao mundo da moda. Sua nova coleção não agradou aos parisienses, mas foi muito aplaudida pelos americanos, que se tornaram seus maiores compradores. Chanel morreu em Paris, no dia 10 de janeiro de 1971, aos 87 anos, em sua suíte particular no hotel Ritz.
FICHA TÉCNICA
Quem: CHANEL
FUNDADORA: GABRIELLE BONHEUR CHANEL (1883-1971)
QUANDO: 1910
ONDE: PARIS, FRANÇA
DESIGNER ATUAL: KARL LAGERFELD
HISTÓRIA: GABRIELLE CHANEL ENTROU NO RAMO DA MODA COMO CHAPELEIRA, MAS FORAM AS ROUPAS QUE CONSAGRARAM SEU NOME. CONHECIDA POR SEU ESTILO DESPOJADO E INDEPENDENTE, LIBERTOU AS MULHERES DAS ROUPAS APERTADAS COM SAIAS LONGAS E POPULARIZOU OS CLÁSSICOS VESTIDO PRETINHO E SAPATOS BICOLORES. ENTRE SUAS CRIAÇÕES ESTÃO AS CALÇAS DE MARINHEIRO, O VESTIDO CHEMISIER E A FRAGRÂNCIA CHANEL Nº 5. QUANDO MORREU, SUA MAISON PERDEU O RUMO, MAS RECUPEROU-SE COM A MÃO FIRME DE KARL LAGERFELD EM 1983. TALENTOSO, KARL FOI DESCOBERTO CEDO, AOS 17 ANOS. EM UM CONCURSO, SEU MODELO VENCEU E FOI PRODUZIDO POR PIERRE BALMAIN, QUE CONTRATOU O JOVEM COMO SEU ASSISTENTE. TRABALHOU PARA JEAN PATOU, FENDI, CHLOÉ E TEM SUA PRÓPRIA MARCA. NOS ÚLTIMOS ANOS, KARL SE AVENTUROU COMO ILUSTRADOR, FOTÓGRAFO E FIGURINISTA, E POSSUI UMA LIVRARIA E UMA EDITORA DE LIVROS. RECENTEMENTE, PERDEU 47 KG EM UMA DIETA, QUE DESCREVE NO LIVRO THE 3D DIET (SEM TÍTULO EM PORTUGUÊS), QUE FOI UM SUCESSO DE VENDAS. HOJE, COMANDA AS LINHAS DE ALTA COSTURA E PRÊT-À-PORTER DA CHANEL, E MANTÉM A MARCA COMO REFERENCIAL DE ELEGÂNCIA E BOM GOSTO PARA MULHERES DE TODAS AS IDADES.