Ao se pesquisar as razões pelas quais o ser humano um dia cobriu seu corpo, encontram-se três possíveis motivos, embora não se determine qual tenha sido o primeiro. De maneira geral, as causas teriam sido por pudor, como adorno e para proteção. Ao longo da história observa-se que as maneiras de se vestir e de se portar se modificaram em determinados momentos, podendo significar a distinção social, etária, diferenciação entre tribos e comportamentos. “As roupas, além de servirem como adorno e forma de expressão, exercem forte influência em nossas atitudes e comportamento”.
Os indivíduos consomem moda para se comunicar, de acordo com sua escolha pessoal, seu estilo de vida, suas crenças e valores. A partir da década de 80, os jovens saem às ruas, utilizando a moda como artifício principal de comunicação. É por meio de suas roupas, das suas músicas e suas ideologias que se reconhecem e se percebem fazendo parte de um grupo. A busca do indivíduo por semelhanças e diferenças entre pessoas é natural nessa faixa etária e a roupa é peça-chave na criação da identidade social. Contudo, apesar de cada um ter autonomia em suas escolhas, a moda, apoiada pela mídia, estimula vontades, necessidades e o consumo de diversos produtos e serviços.
É a partir da década de 80 e, com mais força, nos anos 1990, que a chamada moda de rua (streetstyle) dos jovens ganha destaque. A chamada Geração Y, representada pelos nascidos no intervalo entre 1982 até o início do século XXI, é marcada pela relação com as novas mídias. É um grupo cercado por tecnologia e em busca de sua própria personalidade, que indaga sobre diversas questões. Com a negação da hegemonia da moda, e a tendência dos jovens questionarem o mundo a sua volta, o streetstyle começa a crescer e a ser reconhecido. Os grupos e subgrupos já não podem ser mais precisamente classificados, evitando, também, os estereótipos. Empregando peças de diferentes épocas e estilos, os jovens propõem looks inusitados e criativos. Nasce um supermercado de estilos, idéia que identifica a moda como um grande supermercado, em que os estilos das subculturas urbanas agem como produtos e cada indivíduo se apropria daquilo com que se identifica, criando seu próprio estilo. Dessa maneira foi possível, também, estilistas se inspirarem no universo jovem das ruas para elaborarem criações inovadoras.
Outra atitude que atraiu a atenção de pesquisadores para este universo foi a customização de peças, uma vez que os jovens não podiam gastar muito com roupas e, então, personalizavam as que já possuíam, bordando, aplicando materiais e tornando o look único. Um dos objetos de consumo juvenis mais importantes é o vestuário, considerado a despesa primária e um dos símbolos mais significativos nessa cultura.
Outros setores, como música e televisão, que são vistos como de grande interesse por parte dos jovens, são, ao contrário de menor valor. Em períodos de transformações sócio-econômicas, há movimento, ou seja, mudanças de modelos culturais considerados válidos e funcionais. O vestir é um dos primeiros elementos a sofrer estas transformações, pois permite que o consumidor sinta-se parte de um grupo social, ou de determinado estilo de vida.
Essa engrenagem interessa, nomeadamente, aos jovens, que parecem conceber seus próprios padrões culturais alternativos, em contradição aos que deveriam assumir. São por estes motivos que as pesquisas de comportamento e de tendência focam-se neste grupo particular, os jovens, que estão em constante transformação, adaptando-se para construírem sua identidade e formação de ideologias. São indivíduos que negam a hegemonia dos criadores
de tendência, e buscam agir por conta própria, segundo seus ideais.