Nos anos 90 surgem apresentações grandiosas e mirabolantes: a era dos megadesfiles. Um tinha de ser mais absurdo do que o outro, para conseguir mobilizar mais mídia e mais gente famosa. Artistas e personalidades começaram a desfilar também nas passarelas, junto com os modelos. Tudo era válido: o importante era aparecer.
Foi ali que surgiu o produtor de desfiles Paulo Borges, que trabalhara no teatro e na revista Vogue, com a editora Regina Guerreiro. Ele dividia com Carlos Pazetto as principais superproduções da época. Acabou se destacando quando, sob o patrocínio da marca de cosméticos da empresária Cristiana Arcangeli, realizou o primeiro Phytoervas Fashion, apresentado as coleções de Walter Rodrigues, da Cia. de Linho e de Alexandre Herchcovitch, em fevereiro de 1994.
O Phytoervas foi a primeira tentativa de lançamentos fixos. O evento, com edições de inverno e verão, foi crescendo gradativamente. Durou dois anos e serviu também para apresentar ao mercado os desfiles autoriais de Jorge Kauffman, Fause Haten e Marcelo Sommer.
Naquele mesmo ano de 1994, a Fórum decidiu voltar-se para referências da cultura popular brasileira com sua megadesfile na estação Júlio Prestes, em São Paulo. Era a primeira vez que uma grande marca de difusão assumia valores brasileiros, ainda que pasteurizados. Foi um sucesso nas vendas e na imprensa. Pela primeira vez na década, discutia-se a necessidade de uma identidade brasileira na produção do país. No ciclo de debates “Atitude 1 Ano”, produzido pela Folha de S. Paulo em novembro de 1994, estilistas, fotógrafos, produtores e profissionais do setor abordaram (também pela primeira vez naquela década) a questão da identidade nacional.
Do outro lado do Atlântico, o Brasil virava notícia no Planeta Fashion, com o sucesso de Ocimar Versolato no prêt-à-porter de Paris. Versolato alcançou o estrelato na temporada de março de 1995 e, em certo momento, rivalizou até com John Galliano. Foi nessa mesma estação que Gianne Albertone, uma brasileira de 13 anos que parecia mulher feita, chamou a atenção nas passarelas milanesas.
Começava a decolar, também na moda, a auto-estima dos brasileiros, apoiada pela nova moeda, o real, lançado em julho de 1994.