 |
C&A inaugura hoje a primeira loja exclusiva para mulheres em Ipanema, no Rio de Janeiro - Foto: Reprodução |
Grandes redes varejistas do setor de moda instaladas no Brasil estão com toda disposição para mudanças em seus modelos de negócio. As marcas C&A e Riachuelo são as que mais estão investindo em novos nichos e novos endereços — em áreas mais nobres de cidades como São Paulo e Rio. E garantem que as novidades nada tem a ver com a chegada de concorrentes de peso, caso da GAP e da Forever 21. A holandesa C&A, presente no Brasil há 37 anos, inaugura hoje sua primeira loja no bairro de Ipanema, no Rio, totalmente voltada para as mulheres. Afinal, elas respondem por 70% das vendas da rede. O foco da loja serão as coleções assinadas por estilistas conhecidos. A de Roberto Cavalli já está nas araras e, em breve, serão substituídas pelas as peças de Lenny Niemeyer.
“Depois da flagship no shopping Iguatemi, estamos abrindo no Rio uma loja voltada exclusivamente para o público feminino. Vimos uma oportunidade em um bairro importante da cidade, que permite uma operação desse tipo. Em geral, nossas lojas têm 2.300 metros quadrados e a de Ipanema é menor”, explica Elio França e Silva, diretor de Operações da C&A.
Ele diz que não está nos planos da empresa fazer uma sequência de lojas apenas para o público feminino. Mas, ao avaliar novos espaços para expansão e havendo uma oportunidade para esse filão, as lojas só para elas serão, sim, prioridade. O foco nas coleções vai levar em conta também o perfil da consumidora do bairro e da região em seu entorno. Elio afirma que hoje, a consumidora das classes A e B compra em redes de departamento quando encontra produtos de qualidade.
“Nossa negociação com fornecedores leva essa questão muito em conta. Para que possamos ser a preferência de clientes de todas as classes sociais, cuidamos das peças e investimos nas coleções assinadas. De 2009 até agora já foram 30 coleções”, destaca ele, enfatizando que os preços dos produtos serão semelhantes aos encontrados em outras lojas da rede.
Esse ano, a C&A abrirá mais 28 lojas no país, totalizando 268 filiais. Além do novo nicho, a empresa vem reformulando suas outras lojas, modernizando o layout das unidades e a divisão por segmentos: mulher, homem, infantil e acessórios. E tem buscado, com outros formatos , a entrada em cidades menores, com um mix reduzido de produtos. Empresa de capital fechado, a C&A não revela dados de faturamento e nem os investimentos feitos na abertura de novas unidades ou na reforma das já existentes.
Marcella Kanner, gerente de marketing da Riachuelo, faz coro com Elio e afirma que, cada vez mais, as redes de varejo buscam novos nichos para ficar mais perto do consumidor. No dia 28, a marca abre uma loja conceito na Rua Oscar Freire, em São Paulo.
“A loja da Oscar Freire era uma cobrança das clientes da região. As consumidoras das classes A e B estão hoje no Brasil muito mais receptivas ao fast fashion, sem dúvida. Algo que não acontecia há dez anos, quando muitas dessas clientes ainda torciam o nariz para os magazines. As redes estão investindo mais em moda, e em informação de moda. Isso atrai os consumidores”, diz ela.
A filial da Oscar Freire é resultado de um investimento de R$ 7 milhões pela varejista. E, segundo Marcella, será a maior loja da região, com 1.200 metros quadrados, com um café para a pausa entre as compras. Lá, todas as marcas premium da rede estarão reunidas em três andares. A próxima grande loja da rede será aberta na Avenida Paulista, no primeiro semestre do ano que vem. Depois disso, o próximo passo é encontrar um ponto de venda semelhante, dessa vez no Rio de Janeiro.
“Tem sido uma tarefa mais difícil, mas a procura continua. É claro que uma loja em Ipanema ou no Leblon é o ideal. São os bairros desejados”, diz ela.
Também pensando em formatos menores para garantir o processo de expansão, a Riachuelo criou o Riachuelo Mulher. Marcella destaca que a loja é uma nova proposta para assegurar o projeto da rede de abertura de pelo menos 40 lojas por ano e chegar a 330 unidades até 2016. Hoje, são 187.
O último balanço da empresa, com os resultados do terceiro trimestre deste ano, aponta alta de 18,9% na receita ante o mesmo período do ano passado, chegando a R$ 1,3 bilhão. A aposta da marca para dar impulso aos seus projetos é a manutenção dos níveis de emprego e da renda da população.