A palavra moda já vem carregada de um certo preconceito. Parece que tudo associado a esse assunto é descartável, efêmero e fútil. Mas o mercado do vestuário movimenta milhões. No Brasil, automóveis, alimentos e vestuário estão sempre disputando qual o negócio mais lucrativo e que gera mais empregos.
Vestuário é o que mais emprega, apesar de grande parte ser de produtos importados, hoje há tantos empregos na área de vendas associados a roupas que daria até para dizer que não temos problemas com desemprego. Isso já seria um certo exagero, mas a verdade é que sobram vagas por falta de gente qualificada.
Ter empregos é o melhor sinal de que um país está indo bem, mas por outro lado não ter gente qualificada demostra uma falta de preparo e também uma necessidade de atrair mão de obra estrangeira. O que faria com que nós caíssemos no mesmo ciclo que vários países já caíram.
E todo mundo sabe que movimentar muito dinheiro e fazer as pessoas comprarem é bom para o sistema financeiro. Faz girar a roda do comércio que é mais ou menos assim: Você compra bastante, pede dinheiro emprestado, fica endividado, os bancos lucram muito, o país prospera porque o sistema vai bem e no final alguém descobre que o sistema estava funcionando como uma armadilha. Daquelas armadilhas antigas que no fundo escondiam um buraco bem fundo.
Um sistema que cresce fazendo as pessoas comprarem mais do que podem pagar e extraindo do planeta mais do que ele é capaz de repor, uma hora vai dar uma zica.
Foi o que acabou de acontecer com os EUA e Europa. Mas eles já tem bastante experiência em quebrar e jogar o prejuízo nos outros e logo vão dar um jeito de sair dessa.
E nós? Estamos crescendo rápido. As cidades estão explodindo com tantos carros, edifícios e lixo. Cada brasileiro produz mais de 400 quilos de lixo por ano. Para onde vai todo o seu lixo? Aposto que você não sabe muito bem, aliás nós não sabemos para onde vai e de onde surgem as coisas. Não dá para saber de onde vem sua comida e para onde vai o seu esgoto. De onde vem o combustível do seu carro ou do ônibus e o que acontece com o pneu velho depois que você troca.
E moda, alimentação e veículos são os encabeçadores dessas cadeias de dúvidas. Não dá para saber de onde surgem e nem para onde vão todos os componentes. Parar de comprar também não dá.
Mas é possível tentar comprar com mais cuidado. Uma maneira é tentar comprar produtos que tenham sido produzidos perto de você, pensando que o transporte de mercadorias é um dos maiores vilões contra sustentabilidade. E outra maneira seria comprar produtos que não gerem lixo (isso é bem difícil, já que tudo vem super embalado. O melhor mesmo seria comprar coias nacionais, sem embalagem e que durassem bastante (isso deixaria o pessoal da moda com menos emprego). Ops, eu já estou contribuindo com o preconceito de que tudo que é moda é contra sustentabilidade, mas isso não é verdade. Moda pode sim ser sustentável e é um dos nossos principais mercados.
Numa conversa com André Hidalgo, diretor da Casa de Criadores, durante o programa Blog Repórter falamos sobre moda e consumo andando pela rua Augusta.
Acesse o link e veja o vídeo:
http://videolog.tv/video.php?id=728959
Blog Repórter: André Hidalgo por
perolasblogs no
Videolog.tv.
Fonte: R7