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Divisão do processo de produção na fábrica de vestuário Avancini contribui para a otimização do serviço
(Foto: Lucas Figueiredo) |
De antiga cidade dormitório ao berço da moda, São Gonçalo cresce e se posiciona como polo de confecções e moda da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O caso de sucesso é fruto da união de empresários do município por meio da formalização de um Arranjo Produtivo Local (APL) e do apoio de instituições públicas e privadas, como a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, o Sebrae e a Firjan, que auxiliam no trabalho de mobilização, suporte e crescimento de empresas do setor.
De acordo com dados do Sebrae, atualmente cerca de 500 empresas atuam em um mercado multisegmentado nas categorias jeans, moda praia, lingerie, surfwear e casual. O crescimento mais agressivo aconteceu em 2009, porém a expectativa para 2011 é de que ocorra um crescimento de 10% a 15% no volume de negócios gerados. Além disso, mensalmente a Secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico tem participado de reuniões com representantes do governo municipal e das entidades privadas (Firjan e Sebrae).
A Fabbrica Due, marca própria que ingressou há quatro anos no mercado, já participou do Fashion Business e do Rio-à-Porter, duas feiras vinculadas ao grande evento Fashion Rio. A diretora de estilo da marca, Katia Vilela, que também presta serviços para grandes lojas, como Cantão, Oh, Boy! e Sacada, possui cerca de 30 funcionários.
“Acredito que com a criação da APL, estamos conseguindo colocar o foco também para a cidade de São Gonçalo, mas ainda precisamos de incentivo para que marcas que estão começando agora consigam alguma base de lucro, que é o mais difícil devido aos grandes gastos que uma empresa possui”, afirma Katia.
Para a modelista da Fabbrica Due, Tania Lopes, a colocação no mercado foi crescente.
“Antes de entrar para a marca trabalhava por conta própria em casa. Depois que comecei, já fui promovida duas vezes, passando pelo cargo de chefe de produção, depois chefe de pilotagem e hoje sou modelista”, conta.
Transformação cultural gera expansão
De acordo com o presidente do Sindicato de Vestuário de Niterói e São Gonçalo, Aldeir Carvalho, a cidade cresce no segmento de moda e seus produtos têm, atualmente, um custo adicional de 50% a 70%. Além disso, as confecções locais estão recebendo apoio e a cultura do empresariado está se transformando.
“As peças de vestuário estão com valores mais altos, cresceram de 50% a 70%. Nosso sindicato também avalia que os empresários estão mudando sua cultura. Eles tinham restrição em se unir a outros empresários e acabar tendo que fornecer informações”, contou.
Para a costureira Rosangela Gomes, 52 anos, funcionária da marca de vestuário feminino e masculino Avancini, a divisão do trabalho no processo de produção faz com que tudo corra mais rápido.
“Levo minutos para fazer o meu trabalho, que é fazer a ponta da calça. Trabalho há 14 anos nessa profissão e é onde ganho o meu sustento”, afirma.
Para motivar e aquecer ainda mais o mercado, o Senac Rio Fashion Business acontece com duas edições ao ano e tem como propóstito estimular um novo debate sobre o mercado da moda, incentivando a economia criativa, com a valorização do produto artesanal, sustentável e tipicamente brasileiro. O evento reuniu na última edição, em maio, 20 mil lojistas credenciados, 310 expositores, 250 grifes, 17 desfiles exclusivos, 60 mil visitantes e eventos culturais. O investimento total foi da ordem de R$ 16 milhões.