Exposição de Ronaldo Fraga combina literatura e moda

Na palestra ministrada na tarde deste sábado, Ronaldo Fraga mostrou que moda e literatura não são gêneros tão desconectados, como se pode pensar

Você conseguiria imaginar um vestido inspirado numa obra de um escritor ou poeta? Seria possível o casamento entre o glamoroso mundo da moda e lírico e poético universo da literatura? A relação entre essas duas áreas foi o tema da palestra “Moda e Literatura: quando se lê as roupas e vestem as palavras”, do estilista Ronaldo Fraga, que aconteceu neste sábado, 3, durante a programação da XV Feira Pan-Amazônica do Livro.

O estilista mostrou para uma platéia lotada de professores, estudantes e profissionais da área, que moda e literatura não são gêneros tão desconectados como muitos podem pensar. Ambas trabalham com técnicas narrativas, estilos, criação e representação de realidades e culturas, além de mergulharem igualmente no universo do imaginário. “Eu confecciono minhas roupas, assim como um escritor constrói um personagem e isso é muito literário”, compara Fraga.

O mineiro comentou sobre suas inspirações em obras literárias para confeccionar coleções reconhecidas no circuito internacional da moda. Entre elas, “A cobra que ri – uma história para Guimarães Rosa”, coleção inspirada no livro Grande Sertão: Veredas e “Todo Mundo e Ninguém”, com referências na obra de Carlos Drummond de Andrade, onde Fraga deixa de lado o luxo para dar lugar à preciosidade, ao sentimentalismo e ao lirismo. “As roupas falam, contam histórias, são narrativas vestíveis, por isso, eu quero que a roupa opine, grite. Em todas as minhas coleções em sempre procuro fazer leituras de livros e outros materiais para buscar inspiração”, declara Ronaldo.

Mas não pense que é somente a moda que se apropria da literatura para confecção de roupas, acessórios e tendências. O inverso também acontece, quando escritores se baseiam na moda para comporem os figurinos de personagens em seus livros, por exemplo. “Assim como a literatura, a moda faz o registro de um tempo, o tempo inteiro”, diz o estilista.

Raphael Freire - Ascom/Secult

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