Ele nasceu na pequena cidade de Guarani, em Minas Gerais. No ano de 1981, após a morte de sua mãe, principal referência de vida que tinha, decidiu caminhar em frente. Fez as malas e, junto com um amigo, decolou para os Estados Unidos da América. Chegou a Nova York quando tinha 20 anos de idade, sem falar uma palavra em inglês.
Foi então estudar a língua numa escola especializada e ocupou o tempo restante com cursos no Fashion Institute of Technology, até que cruzou o caminho de Herbert Rounick, para quem começou a trabalhar. Rounick fazia os vestidos de Oscar de la Renta e da grife Bill Blass.
Mineirinho da gema, não demorou para que Francisco começasse a trabalhar com De la Renta em pessoa. Foram cinco anos ao lado do estilista, que ele credita como a pessoa que lhe ensinou tudo o que sabe sobre estilismo e também sobre a vida.
Muitos anos e coleções mais tarde, em 2001, o nome de Francisco Costa chegou aos ouvidos de Calvin Klein, que estava em busca de um substituto à altura para dar continuidade ao seu legado. Nessa época, o mineiro era assistente do designer-símbolo-sexual Tom Ford, na grife Gucci. Klein não perdeu muito tempo e aceitou Francisco em 2003, transformando-o no primeiro brasileiro a comandar a direção criativa de uma das grifes mais bem-sucedidas da moda.
E o resto é história? Só se for história com final feliz e muitas páginas a serem preenchidas. Atualmente, Costa é o único estilista com dois troféus CFDA, prêmio considerado o Oscar da moda mundial. É amigo pessoal de Eva Mendez, Scarlett Johansson, Natalia Vodianova, Anna Wintour e tantos outros nomes que ajudam a disseminar e perpetuar a sua obra.
Em 2007, entrevistamos Francisco Costa para a revista MAG!, sobre os figurinos de peças de dança que ele cria no interior de Brasil, sem alardes, fazendo simplesmente o papel de costureiro, sem exigir nada em troca a não ser prestar um serviço para as artes.
Durante a recente temporada de desfiles em Nova York, minha equipe entrevistou Francisco Costa para a SPFWTV, o canal de televisão online do portal SPFW, e arrancou dele: “Essa coleção de verão 2009 é uma colagem das melhores coisas que já fiz. Eu poderia muito bem vasculhar os baús da grife, beber dessa fonte e simplesmente reinterpretar o fantástico legado de Klein. Mas sou um criador.
Prefiro ousar, me arriscar, fazer história”. Seu desfile, uma sucessão de roupas arquitetônicas dignas do closet de Zaha Hadid ou Lina Bo Bardi (caso elas vestissem as obras que criam), mostra exatamente o potencial evolutivo, o talento avassalador e, acima de tudo, o tempero brasileiro essencial para todo e qualquer cidadão dessa pátria nossa salve-salve: a perseverança.
Por Paulo Borges
http://www.terra.com.br/istoegente/edicoes/473/artigo103192-1.htm