As tendências foram concebidas como “redutores de incertezas” para a cadeia têxtil, já que a certeza de que as cores produzidas com antecedência seriam aceitas por industriais de fios e tecidos, que os tecidos seriam adotados pela indústria da confecção, e que as formas, cores e tecidos das roupas seriam adotados pela imprensa de moda e exibidos nas vitrinas dos magazines. Enfim, a certeza de que as coisas funcionariam assim diminuiria os riscos dos investigadores feitos pelos vários elementos participantes desse processo. A partir dessas constatações, foi criado em 1955, em França, o CIM – Comitê de Coordenação das Industrias de Moda, cuja principal missão era fornecer aos diversos elos da cadeia têxtil, das fiações à imprensa, indicações precisas e coerentes sobre as tendências. O CIM servirá de modelo aos bureaux de style.
• Bureaux de Style
As agências chamadas bureaux de style tiveram um papel fundamental na determinação das tendências, durante as décadas de 60 e 70. Os “cadernos de tendências” vendidos pelas agências apresentam as informações para o desenvolvimento de uma coleção, as inspirações, cores, materiais e formas, que são geralmente divididos por temas. A primeira agência independente surgiu em França em 1957, Relations Textiles, de Claude de Coux. As maiores e mais conceituadas também são francesas, Prosmotyl que é fundada em 1965, Máfia em 1967 e Peclers Paris em 1970. Na década de 80, os gabinetes de estilo e sua maneira cartesiana de apresentar as tendências perderam espaço, o funcionamento da moda já não era o mesmo, as tendências provinham de vários emissores diferentes e a informação de moda tornava-se mais acessível. As grandes empresas passaram a integrar profissionais das áreas de coordenação de moda, comunicação e marketing, que passariam a desenvolver internamente as atividades que antes eram especialidade dos gabinetes. Isto levou-os a diversificar suas atividades, tornando-se em escritórios de consultoria num sentido mais amplo, atuando em vários setores industriais. Hoje os consultores de estilo, trabalham também num processo de criação através de um total desenvolvimento de produtos ou das coleções, englobando um design total (têxtil, gráfico e de comunicação).

• Cadernos de Tendências
Atualmente os cadernos de tendências designam vários materiais de informação, em suporte físico que nos permite obter informações em várias fases da concepção do produto de moda. Citaremos alguns tipos “cadernos de tendências”:
- - Cadernos Conceptuais: Este material tem como objetivo transmitir, no início de cada estação, as idéias chave dos conceitos base mais fundamentais, recolhido dos mais diversos indicadores de informação social, cultural, econômica, política, artes, etc. Cada conceito exposto neste material irá transformar-se num mundo de gamas de cores, fibras, materiais, estruturas, acabamentos, formas, etc. que irão dar vida e forma a cada uma das idéias do criador transformadas em produtos. Exemplos: Cadernos Carlin, Cadernos Nelly Rody, Cadernos Promostyl.
- - Cadernos de Cor: Informa sobre as novas gamas de cor propostas em cada estação em conformidade com os temas conceptuais previamente lançados. Frequentemente as gamas de cor fazem-se acompanhar por propostas de coordenação e combinação das cores. Exemplos: Catálogos Cotton Incorporated, Cadernos Pantone Preview, Catálogos Trevira.
- - Cadernos Têxteis: Contêm informação de tendências conceptual e temática e, em cada tema ou conceito, são apresentados os pontos fortes de cor, materiais, construções, texturas, acabamentos e outras informações de performances têxteis, técnicas e estéticas. Normalmente são acompanhados com amostras de tecidos e outros materiais. Exemplos: Cadernos Fisipe, Cadernos Mix.
- - Cadernos de Amostras: Essencialmente composto por amostras de tecidos desenvolvidos especificamente para cada estação. As amostras normalmente são acompanhadas por informações técnicas específicas e detalhadas do produto. Exemplos: Cadernos Albert & Roy, Cadernos Italtex.
- - Cadernos de Moda: Este material completa, de uma forma abrangente toda a informação existente nos outros cadernos, porém com a informação adicional das propostas das formas, silhuetas e pormenores propostos para o vestuário. Na maioria das vezes esta informação é feita através de desenho criação e de desenhos técnicos como apoio. Exemplos: Cadernos da Anivec, Cadernos Infantimo. Cadernos Bebissimo.

• Os Salões Profissionais
Os salões ou feiras profissionais, além de serem o local privilegiado de realização de negócios, funcionam como plataforma de lançamento para novos produtos e também como ponto de referência para as tendências de moda. Nestas feiras, acontecem fóruns conceptuais, temáticos, informativos e de produtos. Algumas feiras internacionais: De fios e malhas: Expofil (Paris), Pitti Filati (Florença), Fenit (São Paulo); De Tecidos: Première Vision (Paris), Moda In (Milão), Casa Têxtil (Porto), Interstoff (Frankfurt), Mod´tissimo (Porto), Fenatec (São Paulo); De Vestuário / Moda: London Preview (Londres), Milanovendemoda (Milão).
• Os Desfiles de Moda
A idéia dos desfiles surgiu na metade do século XIX, com o costureiro Worth, inglês radicado em Paris, que utiliza manequins vivos para apresentar seus modelos de Alta-costura às clientes, na época chamadas “sósias” porque deveriam ser parecidas com a cliente em questão, para que esta pudesse imaginar-se na roupa. Os Principais desfiles ocorrem em Milão e Paris, precedidos ou seguidos pelos de New York e Londres. Nessas quatro capitais temos o que realmente conta em termos de moda internacional. Em Paris, ainda a principal capital da moda, há duas temporadas de desfiles: os da Alta-costura e os de Prêt-à-Porter. Outras cidades apresentam semanas de desfiles, Tóquio, Barcelona, e Florença. O Brasil tem um calendário de lançamento, com a semana Morumbi Fashion, na cidade de São Paulo. O desfile de uma coleção é o momento crucial para a imagem de um estilista ou marca.
• Entidades do Setor
Organismos, entidades ou universidades, criam ou recolhem, elaboram e divulgam de igual forma serviços e objetos que pretendem fazer chegar nos Designer e às empresas como fonte de informação de tendências. Alguns exemplos: Universidade do Minho, Anivec, Citeve, DIM (Instituto de Moda alemão), Cotton Incorporated.