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Chanel transformou o uniforme dos pescadores em item fashion até os dias de hoje (Reprodução)
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Dizem que a moda vai e volta. Claro que muitas das coisas que vemos nas passarelas são releituras de décadas passadas, mas que tendências voltarão ao topo neste ano? Depois de falarmos de TV, cinema e literatura, seguirmos pelos caminhos da gastronomia e decoração e palpitarmos sobre a tecnologia, chegou a vez de prestar atenção nas apostas de moda para 2012.
Ícone
Esse vai ser um ano Chanel. Ela tinha uma ideia talvez perversa, mas muito interessante sobre a luta de classes. Do ponto de vista da forma e da imagem, Chanel trabalhou de diversas maneiras o conceito do uniforme. E em tempos de grandes mudanças, quando se discute o papel das pessoas e das instituições numa nova ordem, nada mais sensato do que repensar a roupa a partir do viés do uniforme; não do uniforme militar, mas do uniforme de trabalho, do "uniforme de classe", uniforme religioso, uniforme de uma nova humanidade, ou seja, uma abordagem mais ampla. (VW)
Design de qualidade
2012 promete ser um ano de reestruturação em todos os sentidos. Com a crise econômica na Europa e EUA ameaçando virar o mundo de cabeça para baixo, ano que vem será um momento de repensar e entender o cenário que nos encontramos. Com isso, um dos principais sintomas, e que já começa dar as caras, é um certo cansaço de excessos. Do mesmo jeito que recorreremos cada vez mais a filtros em busca das informações realmente relevantes, a moda irá dar ainda mais valor a reais qualidades de design. O que isso significa? Não que o fenômeno fast fashion vá desaparecer, mas grifes mais criativas irão se focar cada vez mais em características que realmente fazem a diferença numa roupa de boa qualidade. Do outro lado, consumidores cansados da overdose de tendências com prazo de validade curtíssimo, darão mais valor a peças com aspecto mais simples, minimalistas até, mas com vida útil prolongada. (LT)
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Detalhe de aspecto artesanal do desfile de verão 2012 da Burberry (Agência Fotosite) |
Socialmente correto
Os últimos acontecimentos sócio-políticos também devem influenciar o modo como nos relacionamos com o consumo de moda no próximo ano. O tal rastreamento do produto – acompanhamento de todas as etapas de produção e distribuição, a fim de evitar condições abusivas de trabalho ou práticas não sustentáveis – promete ganhar ainda mais relevância. Do mesmo modo, produtos que transmitam um maior valor humano, ou seja com técnicas e acabamentos artesanais, também indicam ser um dos mais procurados em 2012. (LT)
por
Vivian Whiteman, editora de moda da Folha de S.Paulo, e Luigi Torre, repórter da Criativa
Fonte: Criativa