Uma grande controvérsia sobre a representação do desenho técnico do vestuário relaciona se a sua contextualização deve visualizar o produto esticado sobre superfície plana ou sobre o corpo. Pela definição de que o desenho técnico do vestuário é a representação do modelo como se estivesse esticado sobre superfície plana, pode-se considerar que esses aspectos apresentados pelo método seriam os mais indicados na construção do desenho técnico do vestuário.
Verifica-se que a construção da posição perfil é dada, na maior parte das vezes, a partir da projeção do diagrama da posição frente. Alguns autores utilizam desse procedimento ao configurarem os seus desenhos.
A partir daí, uma curiosidade que se observa na construção do desenho técnico do vestuário na posição perfil, é que a sua representação acaba configurando como resultado a visualização da peça como se estivesse assentada no corpo. Por outro lado, nas posições frente e costas os resultados podem apresentar tanto desenhos dentro dessa ótica, como também numa outra relação, considerando que o modelo pode estar também sendo visualizado como se estivesse esticado sobre superfície plana.
Um exemplo disso é apresentado no caso do desenho técnico de uma jaqueta, onde é possível perceber a representação do vestuário esticado sobre superfície plana nas posições frente e costas, e sobreposto em uma base de corpo ou manequim técnico na posição perfil.
Outra situação que demonstra a aplicação desse raciocínio é o desenho técnico da calça, onde a representação do gancho apresenta o traçado da curva como uma sobra de tecido dobrada para a lateral, considerando assim
o conceito de peça representada esticada sobre superfície plana. A utilização desse princípio acaba proporcionando que elementos como costuras laterais do modelo fiquem totalmente visíveis em todas as posições representadas no desenho.
Contudo, da mesma forma que no exemplo da jaqueta, no caso da calça a representação do vestuário na posição perfil, demonstra como resultado gráfico a peça como se estivesse apoiada sobre um suporte – corpo ou manequim técnico. Assim, o desenho configurado na posição perfil acaba contextualizando uma realidade diferente daquela apresentada na representação das posições frente e costas, atribuindo conceitos de construção diferenciados para o desenvolvimento desse desenho técnico. Construção da posição perfil a partir da projeção da posição frente. A visualização do desenho técnico da jaqueta representado esticado sobre superfície plana nas posições frente e costas e sobre o corpo ou manequim técnico na posição perfil. A visualização do gancho da calça representado esticado sobre superfície plana. A visualização das posições frente e costas da calça, representados esticados sobre superfície plana tanto no desenho técnico como na peça confeccionada e a comparação dos resultados diferenciados na visualização da posição perfil.
Quanto a essa questão, uma importante consideração no que se refere aos resultados gerados na utilização de seu método é que dificilmente haverá uma correspondência absoluta, uma vez que os desenhos são representações simétricas e bidimensionais, ao passo que as roupas são objetos tridimensionais, com características atreladas à volumetria da peça.
A partir disso, observa-se que autores adotam como princípio norteador na representação e na visualização do desenho técnico do vestuário, a característica de sempre construir graficamente o modelo como se estivesse assentado no corpo em todas as suas posições. As posições frente, perfil, meio-perfil e costas para o desenho técnico do vestuário.